Ontem, hoje e amanhã a Imprensa portuguesa está entretida. Tudo porque o presidente do Conselho Municipal da Beira, Moçambique, Daviz Simango (Renamo), recusou o camião de recolha de lixo oferecido pela Câmara do Porto, por ser "antigo".
Porque alguns (sei que são cada vez menos) têm memória e outros (a grande maioria) têm apenas uma vaga ideia, repito o texto que aqui publiquei em 25 de Setembro com o título que volto a utilizar:
A Câmara Municipal do Porto aprovou hoje a oferta à sua congénere da Beira, Moçambique, de um camião de recolha de lixo com 25 anos de actividade, 150 casacos de fatos de trabalho, três computadores, livros e equipamento escolar.
A Câmara Municipal do Porto aprovou hoje a oferta à sua congénere da Beira, Moçambique, de um camião de recolha de lixo com 25 anos de actividade, 150 casacos de fatos de trabalho, três computadores, livros e equipamento escolar.
Desculpem lá, mas oferecer um camião com 25 anos de actividade faz-me lembrar a oferta de peixe podre, fuba podre e porrada se refilares. Mesmo assim, admiti que haveria engano na idade do veículo que Rui Rio resolveu dar à Beira, ainda por cima no âmbito do protocolo de geminação entre as cidades do Porto e da Beira, estabelecido em 1989, e na bolsa de cooperação aprovada em 2005 para a "promoção de iniciativas específicas na área da ajuda pública ao desenvolvimento e da Lusofonia".
Engano qual quê! A própria autarquia justificam a dispensa do camião, um Mercedes 1613, com o facto de "não possuir valor comercial", apresentar um "estado de conservação que não confere a sua utilização na recolha de lixo pela cidade" e de o desempenho do motor ser "desajustado para vencer as solicitações que o tipo de recolha requer".
Engano qual quê! A própria autarquia justificam a dispensa do camião, um Mercedes 1613, com o facto de "não possuir valor comercial", apresentar um "estado de conservação que não confere a sua utilização na recolha de lixo pela cidade" e de o desempenho do motor ser "desajustado para vencer as solicitações que o tipo de recolha requer".
Ou seja, é mesmo verdade. Lixo por lixo, que se lixem os moçambicanos. Não serve para o Porto, pouco mais é que um amontoado de lixo e, por isso, toca a enviá-lo com o rótulo de cooperação e solidariedade para os nossos irmãos do Índico.
Não está mal, caro presidente da Câmara Municipal do Porto. O seu homólogo da Beira, que certamente tem bem mais do que fazer, vai aceitar a oferta e mandar o camião para o sítio certo: o lixo.
Atrevo-me, contudo, a sugerir que coloquem o camião numa praça central da cidade da Beira com um cartaz a dizer: Homenagem à cooperação com a Câmara do Porto.
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