No intervalo das contas que faz para saber se a sua reforma chega para pagar as despesas, Cavaco Silva mandou hoje o chefe da Casa Civil dizer que o presidente rejeita as "interpretações especulativas" sobre o seu relacionamento com o Governo.
"Na sequência de notícias veiculadas nos últimos dias em órgãos de comunicação e que tentam envolver o Presidente da República na origem de meras interpretações especulativas sobre o relacionamento entre órgãos de soberania, esclarece-se que essas notícias não têm fundamento", refere Nunes Liberato, numa declaração escrita enviada à Agência Lusa.
Na nota, Nunes Liberato recorda ainda que o Presidente da República é "um órgão unipessoal" e que "as únicas pessoas habilitadas para falar em nome" de Cavaco Silva são os Chefes da Casa Civil e da Casa Militar.
No sábado, o semanário Expresso noticiou a existência de uma "divisão profunda" entre o Presidente da República e o Governo, com o chefe de Estado a discordar de alguns cortes na despesa e a temer "sangrias" na função pública e na Saúde.
No domingo, o "Público" referia que "é absoluta a discordância de algumas das mais proeminentes personalidades do cavaquismo e do próprio Presidente da República sobre a condução da política orçamental e as prioridades para a organização das finanças públicas, que têm sido adoptadas pelo Governo".
Afinal está tudo bem. Também estranhei que Cavaco Silva estivesse contra um governo que só funciona a impor a austeridade, que conseguiu brilhantemente reimplantar o regime esclavagista, que continua em velocidade de ponta para aumentar a fasquia dos 800 mil desempregados, dos 20 por cento de pobres e de outros tantos que só sonham com miragens do tipo… comida, dos 1,2 milhões de portugueses que deixam na farmácia alguns dos medicamentos necessários por falta de dinheiro.
Os portugueses não têm, aliás, razões de queixa. Basta perguntar, entre outros, a Eduardo Catroga, Joaquim Pina Moura, Jorge Coelho, Armando Vara, Manuel Dias Loureiro, Fernando Faria de Oliveira, Fernando Gomes, António Vitorino, Luís Parreirão, José Penedos, Luís Mira Amaral, António Mexia, António Castro Guerra, Joaquim Ferreira do Amaral, Filipe Baptista, Ascenso Simões ou Duarte Lima.
É portanto chegada a altura de Cavaco Silva dizer o mesmo que Pedro Miguel Passos Relvas Coelho, ou seja, que os portugueses são uns mal agradecidos quando exigem mais do que um prato de farelo.
Os portugueses reais (escravos, a bem dizer) são muito ingratos. Ponham os olhos em Cavaco Silva. O homem só tem direito, mensalmente, a 4.152 euros do Banco de Portugal, a 2.328 euros da Universidade Nova de Lisboa e a 2.876 euros de primeiro-ministro…
Sem comentários:
Enviar um comentário