O antigo ministro das Finanças, Eduardo Catroga, continua a não deixar os seus créditos por “pentelhos” (mais ou menos) alheios.
Hoje, com a sua habitual e internacionalmente (pelo menos na China) reconhecida perspicácia, propôs que seja criada uma troika para o crescimento" que defina um programa para a competitividade e o emprego.
Mostrando a razão pela qual vai ganhar um salário de 45 mil euros/mês, ou seja mais de 639 mil euros anuais, como presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, Catroga explicou que "santos da casa não fazem milagres".
E se assim é, e ninguém ainda tinha pensado nisso, urge criar a tal segunda troika que, diz, deve ser composta pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), pelo Banco Mundial e por um conjunto de "gurus" nacionais (certamente liderados por ele) e internacionais "que ajudem a definir um programa bem estruturado" que Portugal possa promover junto dos seus parceiros.
"Sozinhos não vamos lá", acrescentou Eduardo Catroga, destacando que já há muitos anos tem vindo a defender a ideia da necessidade de uma aposta no crescimento, uma vez que a "austeridade vai levar à contracção da actividade económica", sendo necessário um contraponto.
É claro que Pedro Passos Coelho vai aproveitar a ideia e, mais uma vez, ser criticado por dar cobertura a mais um génio cujo “pentelheira” cerebral não pára.
Recorde-se, como todos sabemos, que com este governo (cito Passos Coelho) os lugares nas empresas e instituições "serão preenchidos segundo uma escolha que esteja muito para além da questão da confiança política e que envolva o mérito, independentemente da área partidária" dos candidatos.
Convenhamos também que um factor decisivo tem a ver com o curriculum dos candidatos e que – como acontece nos mais evoluídos países – tem o cartão de militante do PSD como condição sine qua non para se ser o melhor.
Todos sabem que a Universidade do PSD é das mais cotadas quanto a garantir que todos os seus alunos terão boas saídas profissionais. Daí, creio, ser normal num país que quando emergir, se emergir, do pântano estará perto do Burkina Faso, escolher os melhores.
Não sei, por isso, porque razão os escravos estranham o que faz o dono do país. Já deveriam estar habituados. Aliás, certamente que se recordam que Passos Coelho disse que através do Orçamento de Estado para 2012, "o governo pede sacrifícios aos portugueses, a todos os portugueses".
E ele pediu. Os que têm força para não dar, não deram. Os outros, a grande maioria, como nem força têm para manter a barriga com qualquer coisa dentro…
Segundo Passos Coelho, o governo "teve a preocupação de proteger os mais vulneráveis", pedindo, por isso, "um esforço acrescido a quem mais pode" e, por outro lado, "ataca transversalmente a despesa supérflua das estruturas do próprio Estado, com a reestruturação dos seus organismo e dos seus procedimentos".
E quem são os mais vulneráveis? Não são com certeza os 800 mil desempregados, os 20 por cento de pobres e outros 20% que não dão uso aos pratos. Esses nem existem para o Governo.
Quando Passos Coelho se refere aos que mais podem, estará a pensar em quem? Não é certamente em Joaquim Pina Moura, Jorge Coelho, Armando Vara, Manuel Dias Loureiro, Fernando Faria de Oliveira, Fernando Gomes, António Vitorino, Luís Parreirão, José Penedos, Luís Mira Amaral, António Mexia, António Castro Guerra, Joaquim Ferreira do Amaral, Filipe Baptista, Ascenso Simões ou Duarte Lima.
Ou seja, todos vão ficar sem uma refeição por dia. Até nem está mal. Os que têm três ficam com duas, os que têm duas ficam com uma, os que tem uma ficam sem ela e os que já não têm nenhuma… não fazem falta.
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