O consultor político do Presidente da República de Portugal, e seu ex-assessor de imprensa, considera que "uma informação não domesticada constitui uma ameaça com a qual nem sempre se sabe lidar".
Num artigo de opinião publicado no primeiro número da versão brasileira da revista Campaigns & Elections sobre "a importância da agenda", Fernando Lima assume o que todos já sabiam que era há muito tempo, um criado de luxo do poder.
O jornalismo em Portugal (que já não sei bem o que é) continua a sua corrida no sentido da perda total de credibilidade. A coisa parece, de vez em quando, estar brava. Mas só parece.
Como sempre, é mais a parra do que a uva. Desde logo porque, ao contrário do que seria de esperar, os “macacos” (que são cada vez mais) não estão nos galhos certos (que são cada vez menos). E quando assim acontece (e acontece muitas vezes), tanto jornalistas como produtores de conteúdos tendem a sobrevalorizar as ideias de poder em detrimento do poder das ideias.
O Estado de Direito... democrático ainda é, é cada vez mais, uma criança e, como tal, ainda há muitos vícios, deformações e preconceitos herdados que a muitos dá jeito conservar. É claro que o “quero, posso e mando” não serve nenhuma das partes, mas continua a fazer escola, sobretudo tendo como mestres os donos dos jornalistas e os donos dos donos.
Não serve mas é praticado, não serve mas é estimulado. Não serve mas vai servindo.
A promiscuidade na sociedade portuguesa está de pedra e cal. Na Comunicação Social todos a querem independente mas, como é hábito, controlam essa independência pelos mais diferentes meios, sejam económicos, partidários ou outros.
O jornalismo que vamos tendo, qual reles bordel, aceita tudo e todos. No entanto, reconheça-se, os jornalistas sempre podem ser deputados. Vá lá! Maria Elisa Domingues, Vicente Jorge Silva, Ribeiro Cristóvão foram exemplos de como, em Portugal, se confunde a obra prima do Mestre com a prima do mestre de obras.
Se todos podem ser jornalistas, porque carga de água não podem os jornalistas ser deputados... da Nação ou assessores de políticos, ou conselheiros do presidente, ou prostitutos da alma? Nem mais. É uma pequena vingança, mas mais vale pequena do que nenhuma. Não?
Aliás, a própria Comissão da Carteira Profissional de Jornalista entende que não é incompatível ser jornalista e deputado. O mesmo se passa com o Sindicato dos Jornalistas que viu o seu presidente ser candidato a deputado.
Nada importa. Os Jornalistas (até) não têm razão de queixa...
São uma classe prestigiada, nobre e cada vez mais dignificada? Não. É claro que não. Qualquer um pode ser jornalista. Utilizando as palavras de um amigo que, de quando em vez, me dá a honra de comentar o que aqui vou escrevendo, “para ter a carteira profissional de Jornalista basta o estágio que varia consoante as habilitações, ser maior de 18 e fazer do jornalismo o seu ganha-pão”.
Mais. Diz ele que “uma empregada de limpeza que seja amiga do chefe de redacção e de mais dois jornalistas que por sua honra confirmem que é colega de trabalho, passa logo a Jornalista”.
Embora o exemplo seja extremo, o pressuposto é verdadeiro. Aliás não faltam casos que, perante a apatia dos (verdadeiros) profissionais, confirmam a tese deste meu amigo.
“O caso do Quinito foi uma boa prova da anarquia em que nos encontramos. Era um futebolista que passou a treinador, e de treinador a jornalista e director de um jornal regional”, desabafa o meu amigo.
É claro que o Jornalismo não é isso. Mas também é claro que o “nosso” jornalismo é também isso. É e será enquanto os Jornalistas não colocarem a casa em ordem... Mas isso dá muito trabalho e rende pouco.
É muito mais vantajoso e lucrativo ser criado de luxo do poder, como é bem exemplificado por Fernando Lima. E depois das diferentes comissões de serviço sempre poderá ser administrador de uma qualquer empresa, pública ou privada.
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