O primeiro-ministro, Pedro Miguel Passos Relvas Coelho, afirmou hoje que nunca houve em Portugal um Governo que tenha assumido "tanta transparência" e "clarificação de regras" nas nomeações do Estado como o actual Executivo.
Não tardará muito que vá dizer que ainda está para nascer um primeiro-ministro que tenha feito, pelos portugueses, tanto como ele. Por mim diria que ainda está para nascer um primeiro-ministro que tenha mentido tanto quanto ele. Ou, que ainda está para nascer um primeiro-ministro que tenha conseguido de forma tão rápida e eficaz instituir em Portugal o esclavagismo.
Questionado sobre as notícias que têm sido divulgadas sobre nomeações de cargos públicos, Pedro Miguel Passos Relvas Coelho, foi peremptório: "Julgo que nunca houve um Governo em Portugal que tivesse assumido com tanta transparência e com clarificação de regras tão intensa tudo o que envolve nomeações no aparelho do Estado".
De há muito (antes das eleições, entenda-se) que Pedro Miguel Passos Relvas Coelho garantiu (com toda aquela credibilidade que se vai revelando a cada dia que passa) que as nomeações seguiriam o critério da competência das pessoas, “sejam ou não do PSD”.
Nessa altura, ingénuos desde nascença, os portugueses interrogavam-se se seria desta que, em Portugal, veriam trabalhadores, administradores, gestores, políticos, a serem avaliados de forma objectiva e imparcial, sem que para essa avaliação contasse o cartão do partido, os jantares com o chefe ou a prenda de anos no aniversário do director.
Bastou ganhar as eleições para se ver ao que vinha Pedro Miguel Passos Relvas Coelho. E se ele afirmou alto e em bom som (retransmitido com toda a pujança pelos porta-microfones da comunicação social) que “as medidas (de José Sócrates) punham país a pão e água”, acrescentando que “não se põe um país a pão e água por precaução”, concretizou a tese de que agora o país tem de entrar na era de comer farelo.
Cada vez mais, em Portugal e ao contrário do que dizem os arautos Cavaco Silva, Pedro Miguel Passos Relvas Coelho e similares, a competência é substituída pela subserviência, não adiantando instituir do ponto de vista legal o primado da transparência quando toda a máquina é constituída por agentes opacos.
Durante muitos anos as decisões políticas pareciam sérias mas não eram. Passou-se depois para a fase em que não pareciam nem eram. Até agora, nas empresas do Estado e nas privadas, nos organismos públicos e na actividade política, o ambiente é, continua a ser, de valorização exponencial do aparente, do faz de conta, do travesti profissional que veste a farda que mais jeito dá ao capataz.
Até à chegada de Pedro Miguel Passos Relvas Coelho a ordem oficial era para apoiar, basta ver o exemplo do ex-chefe do reino socialista e dos seus vassalos, todos aqueles que às segundas, quartas e sextas elogiavam o chefe, às terças, quintas e sábados o director e ao domingo esboçavam elogios a quem pensavam que viria a ser chefe , director ou primeiro-ministro.
Pedro Miguel Passos Relvas Coelho chegou, viu e mostrou que é farinha do mesmo saco. Pelo meio deste circuito aparecem sempre os sipaios que acalentam a esperança de um dia serem chefes de posto e que, no cumprimento de ordens superiores, passam ao papel tudo o que o chefe manda, mesmo que no lugar da assinatura tenham de pôr a impressão… digital.
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