O Secretario-Geral do MPLA, Dino Matross, disse à Luanda Antena Comercial – LAC, em Fevereiro do ano passado, qual é a estratégia do regime: quem se manifestar em Angola provocando distúrbios “vai apanhar”.
A reacção do dirigente do partido no poder em Angola desde 1975 foi não só um claro aviso para que o povo angolano (70 por cento do qual vive na miséria) não imite o que está a acontecer no Médio Oriente e no norte de África, como também um recado para o clima eleitoral que se avizinha.
Ao que parece, o regime angolano nem se considera autoritário, desde logo porque o presidente da República, José Eduardo dos Santos, só está no poder há 32 anos sem nunca ter sido eleito...
Dino Matross lembra a guerra, acena com a guerra, usa a guerra como razão para que os angolanos não se metam em aventuras. Isto é, para que comam (se tiverem o que comer) e calem, para que aceitem o regime como algo sagrado que apenas pode e deve ser venerado.
O dirigente do MPLA apelou aos seus militantes, ao poder popular, para “manterem um elevado nível de vigilância, e se absterem de quaisquer tipo de actividades que atentem contra a convivência democrática e pacífica no país”.
Para Dino Matross, convivência democrática e pacífica significa estar de joelhos perante o regime, beijar a mão ao querido líder supremo, e aceitar como inevitável que o país é gerido por uma casta superior a quem a plebe deve total e inequívoca vassalagem.
É claro que essa casta superior sabe que o Povo, faminto e maltrapilho, não está contente com o regime. Sabe que outros ditadores estão em queda e que, mais dia menos dia, chegará a vez dos donos de Angola terem de partir. Mas, enquanto puderem, vão fazer tudo para que o povo apenas tenha fuba podre, peixe podre e porrada se refilar.
Ao lado do ditador vão continuar os órgãos supostamente representativos da comunidade internacional. A ONU, a CPLP (presidida agora pelo próprio Eduardo dos Santos) e a União Africana, também ela dirigida por Teodoro Obiang, o ditador que comanda a Guiné-Equatorial há 31 anos.
Por enquanto, tal como aconteceu com Ben Ali ou Hosni Mubarak antes da queda, Eduardo dos Santos é considerado um presidente bestial. Depois passará a besta.
Mas que importa ser besta se ele e todo o seu séquito terão poder económico e financeiro para, em qualquer parte do mundo, terem uma vida faustosa?
É claro que também há a possibilidade de um qualquer procurador que venha a julgar Eduardo dos Santos, como agora acontece no julgamento de Hosni Mubarak, pedir a pena de morte, acusando-o de um infindável rol de crimes, alguns dos quais de sangue.
"A lei prevê a pena de morte para o homicídio premeditado", declarou o procurador Mustafa Souleimane no final da apresentação das alegações, hoje realizada no tribunal do Cairo, onde está a ser julgado o ex-governante.
Não é, por enquanto, o caso de Angola. Mas poderá vir a ser.
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