Catorze animais de raça suína, avaliados em 5000 euros, foram furtados de uma propriedade situada na freguesia de Vimieiro, no concelho alentejano de Arraiolos.
Os porcos são, aliás, uma fonte inspiração para o governo de Pedro Miguel Passos Relvas Coelho, nomeadamente na vertente da dieta alimentar que está a impor aos portugueses para equilibrar o défice. De facto, se os porcos propriamente ditos comem farelo e não morrem, os escravos portugueses também o podem fazer.
Os animais a que respeita a notícia foram furtados na semana passada, indicou hoje fonte da GNR à Agência Lusa, adiantando que um funcionário da exploração agrícola disse ter visto, posteriormente, os suínos numa outra propriedade localizada na mesma freguesia, no distrito de Évora, mas os animais "não foram recuperados".
Se calhar seria um bom motivo para obrigar os proprietários a criar fichas de identificação, obviamente pagas, para os seus animais.
Mas a verdade é que os porcos estão em alta. Não? Reparem então na enxurrada de gentalha para quem chafurdar na merda é uma questão de sobrevivência, e que gravitam junto do poder… seja ele qual for.
Além disso, fazendo uso das ideias de Guerra Junqueiro, o que se deve chamar a “um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas”?
“Um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta” não estará mais perto de viver numa suinicultura?
Um país onde “uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro”, não merecerá que se lhe chame Suinoportugal?
Quando existe uma “coisa” onde “um poder legislativo é esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País”, se calhar é o reino dos porcos.
Valha, contudo, a certeza de que o governo quer resolver alguns dos mais sérios problemas do reino. Pelo que está a fazer pode ter-se a certeza de que Portugal vai mesmo ser um país diferente. A esperança média de vida vai diminuir porque os velhotes vão morrer bem mais cedo, porque os de meia idade não vão chegar a velhos e porque os mais novos não poderão ter filhos.
Além disso, a esmagadora maioria dos portugueses vai deixar de consumir definitivamente antibióticos e outros medicamentos, contribuindo assim para pôr em ordem as contas do Serviço Nacional de Saúde.
Isto porque, para além do preço (que não podem pagar), esses fármacos devem ser tomados depois de uma coisa que hoje é uma miragem: refeições.
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