O crescimento económico deverá acelerar até 2013 na África subsaariana e nos países africanos lusófonos, sobretudo Angola e Moçambique, mas é vulnerável à crise na zona euro, segundo o Banco Mundial.
Ora aí está a razão pela qual Portugal continua de mão estendida, sobretudo na direcção de Angola. Eles, não os angolanos mas sim os donos do país, têm e o país de Pedro Miguel Passos Relvas Coelho está com a corda na garganta. Portanto…
O relatório Perspectivas Económicas Globais 2012, intitulado "Incertezas e Vulnerabilidades", hoje divulgado pelo Banco Mundial, reviu em baixa as suas previsões, apontando para um crescimento económico global de 2,5% este ano e 3,1% no próximo.
Os economistas do Banco Mundial antecipam ainda um crescimento de 5,4% nos países em desenvolvimento, abaixo dos 6,2% previstos em Junho, mas a África Subsaariana será uma excepção, com o crescimento a escalar de 4,9% em 2011 para 5,3 este ano.
Pena é que, sobretudo em Angola, com a economia a crescer também cresçam as desigualdades sociais. Mas é mesmo assim. Os poucos que têm milhões continuam a ter mais milhões e, do outro lado, os milhões que têm pouco continuam a ter cada vez menos.
Angola, um dos donos de Portugal, deverá crescer 8,1% este ano e 8,5% no próximo, acelerando em relação aos 7% do ano passado, enquanto Moçambique acelerará de 7,4% para 7,6% este ano e 8,5% no próximo.
Para Cabo Verde, um caso de sucesso, a aceleração prevista pelo Banco Mundial é de 5,8% em 2011 para 6,4% este ano e 6,6% no próximo, enquanto a Guiné-Bissau deverá atingir um crescimento de 5% em 2013 e 4,7% em 2012.
"No entanto", refere o relatório, "as exportações de mercadorias, receitas do turismo, preços dos produtos básicos, investimento estrangeiro directo e remessas na África Subsaariana são todos susceptíveis a uma recessão na zona Euro".
A União Europeia, refere o Banco Mundial, absorve 37% das exportações não-petrolíferas africanas e nas economias dependentes do turismo, como Cabo Verde, as chegadas de turistas europeus constituem o grosso deste total.
Em Cabo Verde, sublinha o relatório do Banco Mundial, 92% das exportações de mercadorias destinam-se ao Sul da Europa (Portugal, Espanha, Itália, Grécia) e Irlanda, tornando neste aspecto a economia cabo-verdiana a mais vulnerável na região a uma quebra económica a norte.
"Contudo, para a economia de Cabo Verde, orientada para serviços, os proveitos económicos dos fluxos turísticos serão mais importantes do que as exportações de mercadorias", sublinha.
Para contrariar o efeito da quebra da actividade económica na Europa, o Banco Mundial recomenda aos países africanos maior diversificação de exportações e de parceiros comerciais.
Outra ameaça ao crescimento africano, sobretudo em economias como a de Angola, altamente dependente do petróleo (grande parte roubado na sua colónia de Cabinda), é uma quebra do preço das mercadorias, que se traduzia em menores receitas e investimento.
Em Angola, refere o relatório, uma redução de 10% nos preços petrolíferos causaria uma quebra de 2,7% do PIB.
Por alguma razão, indiferentes aos problemas do povo angolano, mais de 7.000 empresas portuguesas venderem para Angola e cerca de 250 investirem neste mercado.
Angola é a 6ª maior economia de África e a 2ª maior potência da África Austral e tem vindo a registar, nos últimos anos, um crescimento económico acentuado, bem acima da média mundial e a um ritmo superior à generalidade das outras grandes economias africanas.
É certo que, a fazer fé em organismos internacionais, Angola é um dos países com elevados índices de corrupção, mas isso não impede, nunca impedirá, que o governo de Pedro Miguel Passos Relvas Coelho diga o contrário no seu visível processo de bajulação.
Na entrevista ao órgão oficial do regime, o Jornal de Angola, na altura da sua visita a Luanda, o sumo pontífice do governo português afirmou que vê com "muito bons olhos a participação do capital angolano na economia portuguesa e noutras privatizações que o Estado venha a realizar no próximo ano".
Se essa participação se faz com dinheiro de origem duvidosa, ou à custa de metodologias pouco transparentes, não interessa. O importante é que se faça. O resto ver-se-á na altura em que, provavelmente outros, terão de fechar a porta e pedir aos chineses que apaguem a luz.
Questionado pelo jornal Público sobre se iria abordar o tema da transparência em Angola à luz das mudanças internacionais, o primeiro-ministro respondeu através do seu gabinete: "A visita servirá para fazer o ponto de situação sobre os principais aspectos das relações políticas e económicas entre os dois países."
Portugal, tal como a restante comunidade internacional, sabe que é mais fácil, muito mais fácil, negociar com ditaduras do que com democracias. É mais fácil negociar com quem está, é o caso de Angola, há 32 anos no poder (sem ter sido eleito) do que com alguém que possa ter de abandonar o cargo pela escolha do povo.
Pedro Miguel Passos Relvas Coelho está, nesta fase, mais interessado em facturar sobre o facto de o “líder carismático” de Angola ser bestial, esperando que quando ele passar – como todos os ditadores – a besta, não tenha de prestar contas.
O petróleo, gerido pela empresa estatal Sonangol, representa 60% do Produto Interno Bruto e 98% do total das exportações angolanas, sendo a maioria explorado na colónia de Cabinda.
Recordou na altura o Público que, “embora tenha publicado as suas contas, a petrolífera foi acusada de "esconder" "milhares de milhões de dólares" pelas organizações Global Witness e Open Society Initiative for Southern Africa”.
Se o petróleo é o produto que Portugal mais importa de Angola, país que é o principal destino das exportações portuguesas, extra UE, se BES, Millennium bcp, Caixa Geral de Depósitos estão em força no reino de Eduardo dos Santos, se já há em força capital angolano no BCP, BPI, Banco BIC Português, se o BPN vai passar para mãos dos donos de Angola, porque carga de chuva irá o “africanista de Massamá” hostilizar o grande soba?
Mas há mais razões para a bajulação portuguesa: “A empresa portuguesa mais valiosa que lidera os investimentos portugueses em Angola, a Galp, é detida em 15% pela Sonangol por via da Amorim Energia (da qual a Sonangol detém 45%). O presidente da Sonangol, Manuel Vicente, é vogal da administração da Galp” e deverá passar a número dois do regime.
De facto, como há já alguns anos dizia o Rafael Marques, os portugueses só estão mal informados porque querem, ou porque têm interesses eventualmente legítimos mas pouco ortodoxos e muito menos humanitários.
Custa a crer, mas é verdade que os políticos, os empresários e os (supostos) jornalistas portugueses (há, é claro, excepções) fazem um esforço tremendo (se calhar bem remunerado) para procurar legitimar o que se passa de mais errado com as autoridades angolanas, as tais que estão no poder desde 1975. O último exemplo foi o programa da RTP transmitido a partir de Luanda.
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