terça-feira, janeiro 31, 2012

Como é possível os jornalistas não verem que a baliza angolana tinha o dobro do tamanho?

Cerca de quinze jornalistas angolanos que se encontravam na Guiné-Equatorial a acompanhar os “Palancas Negras” foram repreendidos e ameaçados pela polícia na zona mista.

A Guiné-Equatorial não é exactamente Angola, mas anda lá perto. Como se sabe (melhor, como alguns sabem) a Guiné-Equatorial é independente desde 12 de Outubro de 1968 e tem como presidente, desde 3 de Agosto de 1979, Teodoro Obiang Nguema, certamente – como Eduardo dos Santos – um líder carismático…

A selecção angolana foi eliminada depois de perder com a Costa do Marfim por 2-0 e os responsáveis angolanos não gostaram do modo como os jornalistas noticiaram e comentaram o afastamento.

De facto, não custava nada aos jornalistas presentes dizer o contrário do que se passou, justificando até que a Costa do Marfim tinha alinhado com 22 jogadores, ou que a baliza de Angola tinha o dobro do tamanho da do adversário.

Na zona mista do Novo Estádio de Malabo, passagem obrigatória de jogadores e restante “staff” no percurso entre o balneário e o autocarro da respectiva equipa, os jornalistas faziam a habitual reportagem quando foram impedidos de trabalhar.

Um cordão policial, de polícias angolanos (Ninjas) e da Guiné-Equatorial, não só criou uma barreira entre jogadores e profissionais da comunicação social como, à boa maneira democrática, mostraram que mesmo fora de Angola os jornalistas angolanos têm de seguir a cartilha do regime.

Um dos jornalistas queixa-se mesmo ter sido ameaçado de represálias, segundo contou ao jornal britânico “Guardian”: “Eles disseram que vamos ser punidos quando voltarmos para Angola.”

Mas quem julgam os jornalistas que são para, seja onde for, pensarem pela própria cabeça? Quem os autorizou? Não sabem que só têm liberdade para pensarem com a cabeça do “querido líder”?

Tal como o seu homólogo e amigo angolano, Teodoro Obiang quando fala de princípios democráticos bate aos pontos, entre muitos outros, Jean-Bédel Bokassa, Idi Amin Dada, Mobutu Sese Seko, Robert Mugabe ou Muammar Kadafi.

Atente-se, contudo, no que diz o moçambicano Tomaz Salomão, secretário executivo da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral): "São ditadores, mas pronto, paciência... são as pessoas que estão lá. E os critérios da liderança da organização não obrigam à realização de eleições democráticas”.

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