É possível (embora eu não creia) que os portugueses tenham o conjunto de ministros (que não um Governo) que merecem. Seja qual for o caso, a verdade é que esta democracia, tal como grande parte do país, continua enferma.
Ao contrário das empresas de sucesso, tanto o Governo como a Oposição apostam em inverter as regras e atiram para os subalternos a responsabilidade que é dos chefes.
Ao contrário das empresas de sucesso, tanto o Governo como a Oposição apostam em inverter as regras e atiram para os subalternos a responsabilidade que é dos chefes.
O país está derrapar? Mudam-se os ministros. O país continua a derrapar? Mudam-se os ministros. O país bateu no fundo? Mudam-se os ministros. Quando será que alguém (o Presidente da República, por exemplo) explica ao primeiro-ministro que a crise não se resolve substituindo ministros?
A crise só tem algumas hipóteses de ser resolvida se se substituir o primeiro-ministro.
Como primeiro-ministro, José Sócrates não está a ser uma solução para o problema mas, isso sim, um problema para a solução.
As sombras que acompanham José Sócrates, tal como as que acompanharam os últimos anos de Durão Barrosos, estão sempre de acordo com o chefe... pelo menos enquanto ele o for.
Nenhuma sombra lhe vai dizer que, afinal, conhecer as cores do arco-íris não faz de ninguém um pintor.
E, também grave, é o facto de José Sócrates escolher os ministros tendo por base a subserviência e não a competência. Se fosse só no Governo, dir-me-ão, com razão aqueles que têm paciência para me ler.
Eu sei que mais vale ser ministro, secretário de Estado, assessor, por um dia, do que médico, engenheiro ou jornalista toda a vida.
Assim, de paixão em paixão (como diria António Guterres), de ministro em ministro, Sócrates lá vai «cantando e rindo» enquanto, cada vez mais, o país chora. Lá vai prometendo ir às «fuças» da Direita, estribado na certeza de quem se meter com o PS... leva.
No entanto, quando der por isso, verá que é país (e o próprio o PS) a ir-lhe às «fuças», tal como o fez a António Guterres.
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