O Hamas declarou vitória sobre os seus rivais da Fatah, afirmando que "está garantida a libertação de Gaza e aberto o caminho para a criação de um Estado islâmico". As forças leais ao presidente Mahmoud Abbas (a quem a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, já manifestou a solidariedade norte-americana) garantem que nada está decidido, que o Governo palestiniano (liderado por Ismail Haniyeh, do Hamas) será dissolvido com base numa declaração de estado de emergência e que a solução passa pelo diálogo.
Sami Abu Zuhri, ministro do Hamas, garante que a sua organização está disposta a dialogar com a Fatah, "embora as estruturas da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), de Mahmoud Abbas, sejam ilegais porque os palestinianos nunca reconheceram os Acordos de Oslo" que em 1993 criaram a ANP."
Apenas o Governo liderado pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh tem legitimidade democrática para decidir o que deve ser feito", acrescentou Abu Zuhri. Para além da preocupação geral dos países da região, também os EUA manifestaram ontem a vontade de, segundo George W. Bush, "fazer tudo para acabar com a violência e dar uma oportunidade a uma verdadeira democracia".
Um porta-voz do Hamas disse que, "a não ser que a democracia seja diferente consoante os intervenientes, o Governo palestiniano foi eleito democraticamente embora contra a vontade dos seus inimigos, EUA e Israel".
E se em Gaza o Hamas controla militarmente, noutros pontos a situação é diferente. A Fatah incendiou instalações do Hamas em Nablus, Cisjordânia, enquanto reagrupa as forças de modo a travar os radicais islâmicos.Observadores admitem que a Fatah esteja a receber reforços de alguns países da região, um pouco à semehança do que terão feito a Síria e o Irão em relação ao Hamas.
Neste conflito, o Hamas revelou uma importante coordenação militar. Ontem, depois de 24 horas de combate que fizeram dezenas de mortos, ocupou o quartel- -general da Segurança Preventiva, principal símbolo de poder da Fatah na Faixa de Gaza.
O Hamas, para quem o quartel-general era um símbolo de submissão "ao poder sionista", reivindicou também a morte de Samih al-Madhoune, um dos chefes das Brigadas dos Mártires de al-Aqsa (Fatah), bem como a tomada da rádio 'Voz da Palestina', afecta a Mahmoud Abbas.
Há várias semanas Israel informou os seus aliados de que, em caso de um confronto grave, o Hamas dominaria a Fatah, apesar de as duas estarem praticamente "equiparadas quanto a homens e material". A diferença estaria, segundo Telavive, ao nível da motivação e do apoio popular.
Fonte: Jornal de Notícias/Orlando Castro
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