A sociedade portuguesa está a mudar. Durante anos parecia séria, mas não era. Agora não parece nem é. São cada vez mais os exemplos do que se julgam pianistas só porque compraram um piano, que se julgam pintores só porque decoraram as cores do arco-íris. Ou, já agora, jornalistas só porque escrevem o nome em cheques mais ou menos chorudos.
Por outras palavras, se se medir o nível intelectual de Portugal pelo número de pianos, obras de arte etc. comprados é certo que o país está bem colocado.
Por outras palavras, se se medir o nível intelectual de Portugal pelo número de pianos, obras de arte etc. comprados é certo que o país está bem colocado.
Assim, numa sociedade de aparências e de deslumbrante “play-back”, são cada vez mais os que estão na ribalta embrulhados em etiquetas sociais de renome, talvez até importadas de Paris. O presente é, ou parece, ser deles. Se o futuro também o for, então Portugal estará à beira do fim.
São como os frutos de plástico que ornamentam as exposições de mobiliário. Lindos, gostosos e sedutores quando vistos à distância…
Não deixa, contudo, de ser elucidativo ver como o acessório é mais relevante do que o essencial, como o embrulho é mais importante do que o produto, como a capa é mais vital do que o conteúdo, como o nome é mais paradigmático do que tudo o resto.
É uma sociedade de faz de conta, onde o que importa é dizer-se que se tem um stradivarius porque se sabe que ninguém vai querer saber que o instrumento é, afinal, de plástico e foi comprado na Feira da Vandoma, no Porto.
E assim não vamos lá. Portugal precisa de uma estratégia (ou desígnio) que valorize quem tem ideias e não quem diz que as tem. Que institua o primado da competência independentemente da filiação partidária e das cunhas.
Ok. Já acordei.
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