segunda-feira, junho 11, 2007

Cabo Verde quer mais apoio à língua Portuguesa

O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, pediu hoje aos oito países de língua portuguesa para que dêem "mais atenção" ao Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), com constantes constrangimentos financeiros. O alerta foi deixado na abertura do XVII Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), uma entidade que tem "responsabilidades na afirmação da língua portuguesa no mundo", um "património comum" dos oitos países, disse.

Lembrando que Cabo Verde foi um dos três países que até agora ratificaram o Acordo Ortográfico e respectivos protocolos, José Maria Neves destacou que as universidades têm um papel fundamental na difusão da língua portuguesa e recordou que a AULP foi criada várias anos, antes da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).

Criada há 21 anos na Cidade da Praia, a AULP voltou hoje a Cabo Verde para a XVII reunião, juntando responsáveis de universidades de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde, além do território de Macau.

Um encontro para "troca de impressões e de experiências" e de aprofundamento da cooperação, que já é imensa, especialmente a nível bilateral, disse o presidente da AULP, João Guerreiro, reitor da Universidade do Algarve.

Valorizar a língua portuguesa, disse o reitor, é um dos objectivos fundamentais da AULP, bem como desenvolver "plataformas multilaterais" de cooperação entre Universidades, visíveis, por exemplo, na organização de pós-graduações envolvendo quatro ou cinco universidades.

Durante os três dias, os representantes das diversas universidades vão também "definir novos projectos" e valorizar a investigação científica, sendo criada em breve na página da Internet da AULP um "catálogo on-line de pós-graduações".

Luís Fonseca, secretário executivo da CPLP, defendeu na mesma linha que a educação, ensino superior e investigação são "das áreas mais promissoras da cooperação" dos países de língua portuguesa, o que de resto também José Maria Neves defendeu ao afirmar que "o aprofundamento do ideário da língua portuguesa passa pelas universidades".

A Universidade de Cabo Verde só foi criada há seis meses, pelo que só agora a reunião da AULP voltou à Praia. António Correia e Silva, reitor da Universidade, defendeu que a UALP deve começar a criar uma base para reconhecimento de competências entre as várias universidades dos vários países e criar "mecanismos que estimulem a mobilidade de alunos e professores".

Também seria importante "uma biblioteca virtual de referência, com a colaboração de todas as universidades", defendeu, acrescentando que ou a língua portuguesa é considerada como uma estratégia conjunta ou converte-se "numa língua secundária".

Durante três dias, os participantes no encontro da Praia vão discutir temas como a Interdisciplinaridade da Investigação Científica Tropical, as Redes Universitárias na Investigação, as Pós-graduações ou a Língua Portuguesa no Mundo.

A AULP integra 120 estabelecimentos de ensino, de todos os países da CPLP e também de Macau. A Associação foi criada em 1986, na cidade da Praia, por iniciativa de reitores e dirigentes de estabelecimentos de ensino superior do Brasil, Portugal, Moçambique e Guiné-Bissau.

O IILP, ao qual o primeiro-ministro fez referência, tem sede na Cidade da Praia e foi criado em 1998 pelos Estados da CPLP para promover a defender a língua portuguesa como veiculo de cultura, educação, informação e acesso ao conhecimento científico e tecnológico.

Desde Agosto do ano passado, é dirigido pela angolana Amélia Mingas, que reconhece que o IILP não tem funcionado bem por falta de projectos de cada país e de condições financeiras.

Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

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