Avelino Coelho, candidato a primeiro-ministro pelo Partido Socialista Timorense (PST), afirmou que "a presença portuguesa em Timor-Leste é uma farsa" e que os líderes timorenses "mentem a Portugal" sobre a língua oficial. Afinal, eu e o Eugénio Costa Almeida já não somos os únicos a dizer estas e outras verdades.
"Os timorenses não foram sinceros (com Portugal) e apostaram no cavalo errado", afirmou, em entrevista à Lusa, Avelino Coelho, falando sobre a questão da língua oficial em Timor-Leste e das relações entre os dois países.
"Se fossem sinceros e se quisessem mesmo a língua portuguesa em Timor-Leste, cinco anos depois da independência já teríamos todas as escolas primárias com o ensino do português e já teríamos uma lei exigindo que quem investir em Timor fale e escreva em português", declarou Avelino Coelho.
"Passaram cinco anos", acrescentou o cabeça-de-lista do PST, e os líderes timorenses "vão para Portugal com discursos satisfatórios, regressam e não conseguem satisfazer o povo".
Os dirigentes timorenses, acusou Avelino Coelho, "vivem entre duas realidades: precisam dos apoios de Portugal, precisam daquele calor humano conseguidos dentro de 300 ou 400 anos da marcha da Humanidade, aos solavancos, mas estão perante esta realidade social: os jovens" que cresceram sob a ocupação indonésia.
"Podiam investir muito dinheiro nos primeiros anos, com reciclagem dos funcionários, se nós quiséssemos português", adiantou o líder do PST.
Também Portugal não contribuiu para a expansão da sua língua em Timor, acusou Avelino Coelho.
"Eu disse aos portugueses quando lá estive em 2000: se quiserem que o português seja a nossa língua oficial, não será uma língua em que falamos nos hotéis, nos restaurantes com os ovos estrelados".
"Invistam em Timor, disse aos empresários portugueses: 500 televisores, 500 professores, um para cada suco. Trabalhávamos em um ou dois anos e todo o Timor falaria português".
"A relação histórica entre Timor e Portugal é vinculada por dois elementos, a língua portuguesa e a religião, mas a identidade timorense é o tétum.
A ligação histórica que une os dois povos é esta. Não há problemas", afirmou Avelino Coelho, descendente de um minhoto que foi enviado para Timor pelo Estado Novo.
Se o PST fosse governo, colocaria em marcha legislação e programas para fazer do tétum "uma língua evoluída, a par do estudo do português".
Segundo Avelino Coelho, os falantes de português em Timor-Leste não devem ultrapassar hoje "5 a 6%" da população.
Sobre a contribuição de Portugal para o desenvolvimento de Timor-Leste, Avelino Coelho comentou que a antiga potência colonial "fez aquilo que podia fazer, os timorenses é que não souberam aproveitar este apoio".
E, para além de Portugal, também a restante Comunidade de Países de Língua (?) Portuguesa continua a cantar e a rir…
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