O MPLA vai ganhar as próximas eleições com larga vantagem. Todos, a começar pelos angolanos, sabem isso. Quando perto de 70 por cento arrotam à fome, chega-lhes à boca a solução: votar no regime.
Seja como for, importa tentar que desta vez quer os donos da verdade em Angola, quer os seus congéneres mundiais, com Portugal à cabeça, não façam de nós estúpidos. Os angolanos merecem mais respeito.
Há muito que o MPLA, com o apoio de uma vasta máquina internacional, quer policial quer propagandística, prepara o terreno para ter o que queria. Usa, volta a usar, sobretudo duas técnicas: comprar e intimidar. Da CNE aos órgãos de comunicação do Estado, dos governadores provinciais aos sobas, tudo estará novamente bem controlado.
Tendo garantido a cegueira da comunidade internacional, para quem o essencial não é haver eleições livres mas, apenas isso, haver quem vá votar, o MPLA volta a facturar como quer, onde quer e sempre que quer. O mundo volta a estar preparado, quase sempre comprado, para reconhecer a vitória do MPLA.
Portugal, e tanto faz que o primeiro-ministro seja José Sócrates ou Passos Coelho, está pronto para reconhecer a vitória do MPLA e para enaltecer a democracia angolana. Deverá, aliás, utilizar o mesmo articulado e as mesmas palavras do reconhecimento anterior.
O nível de bajulação de Portugal ao regime de Eduardo dos Santos é de tal ordem que, se calhar a bem do reino das ocidentais praias lusitanas, até ficaria bem que o texto encomiástico fosse escrito pelo MPLA e viesse a Lisboa apenas para nele ser colocado a assinatura ou a… impressão digital.
Que as eleições não vão ser nem livres nem justas, todos sabem embora só alguns o digam. Todos vão olhar para Luanda, até mesmo a UNITA, esquecendo que será nas províncias que a fraude, mais tosca nuns lados e mais afinada noutros, terá mais impacto. Luanda voltará a ser uma cortina de fumo, também pensada pelos especialistas em conseguir os votos dos voluntários devidamente amarrados.
Creio, aliás, que o MPLA não quererá um resultado tão expressivo como nas anteriores “eleições” para, dessa forma (como desejava a comunidade internacional), evitar uma eleição mugabiana.
Sendo, como tem acontecido desde a independência, mais papistas do que o papa, os homens do MPLA vão querer mostrar serviço ao soba maior, acelerando o processo de manipulação e de compra de votos.
Os especialistas internacionais bem vão dizendo ao regime que modere a amplitude da vitória. Mas a oportunidade de mais uma vez humilharem os adversários, sobretudo os da UNITA (considerados em muitos círculos do poder como uma subespécie), vai ser mais forte do que qualquer conselho.
A comunidade internacional, com Portugal à cabeça, vai voltar a aproveitar mais uma oportunidade para fornecer mais uns quilómetros de corda ao regime do MPLA. Corda essa que, mais uma vez, o MPLA irá usar para enforcar os ocidentais. Só não vê quem não quer, que os donos do poder em Angola estão-se nas tintas para o chamado modelo ocidental de democracia.
Quanto à UNITA, o Galo Negro vai voltar a não voar e, mais uma vez, vai apanhar café às ordens dos senhores coloniais.
Tirando os conhecidos exemplos da elite partidária, todos aqueles que humildemente ainda são simpatizantes da UNITA, incluindo milhares dos que andaram a combater, vão continuar a apanhar café, ou algo que o valha.
Até às “eleições” anteriores julguei que os discípulos de Jonas Savimbi prefeririam a liberdade de barriga vazia do que a escravatura de barriga cheia. Enganei-me.
Quanto à cobertura das próximas “eleições” por parte da Comunicação Social portuguesa, recordam-se que nas anteriores a SIC, o Expresso, o Público e a Visão foram impedidos de entrar em Angola?
Nada disso voltará a acontecer. Os donos dos jornalistas destes quatro meios têm agora bons negócios com o regime e, por isso, fica garantida a isenção para irem cobrir as “eleições”, sabendo e Impresa e a Sonae que o seu sucesso em Angola passa pela liberdade dos jornalistas dizerem tudo… o que o regime quer que se diga.
1 comentário:
Esta será a maior das realizações:
o MPLA vai ganhar as próximas eleições
com larga vantagem,
aproximando-se ou ultrapassando assim
a margem
conseguida pelo Sadam Husseim.
O Zédu todos o vão reconhecer
como o herdeiro do Querido Líder.
António Kaquarta
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