O secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro do Burkina Faso, perdão, de Portugal, confirma que na actualização do memorando com a 'troika' é expressa uma redução das indemnizações por despedimento entre 8 a 12 dias, mas diz que esta medida já estava prevista na versão original do memorando.
Que não se queixem os trabalhadores que vão ser abençoados com mais esta variante do regime esclavagista que Pedro Passos Coelho está a instituir em Portugal. Desde logo porque ainda é sinal que têm emprego. Mas a sorte não fica por aqui. Não tardará muito que tenham de ser os trabalhadores despedidos a indemnizar os empresários.
De acordo com Carlos Moedas, que respondia às questões dos deputados da Comissão Parlamentar Eventual que Acompanha as Medidas do Programa de Ajustamento de Portugal, esta medida estava já prevista na versão original do memorando assinado a 17 de Maio, altura em que no Governo estava ainda o Executivo liderado por José Sócrates.
Por outras palavras, a culpa continua a morrer solteira. E, bem vistas as coisas, se calhar a culpa é mesmo de António de Oliveira Salazar ou, quiçá, do próprio D. Afonso Henriques.
O secretário de Estado explicou que essa primeira versão do memorando já dizia que seria feito "alinhar estes pagamentos de indemnizações com a média europeia" e que nesta actualização é apenas verbalizada a respectiva média, entre 8 a 12 dias [pagos por ano de trabalho], ou seja, "dizer que esse é o intervalo".
Carlos Moedas disse ainda que confirmou com o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que esta questão - as métricas a utilizar - já foi inclusivamente discutida em concertação social, garantindo que "nada mudou" no memorando nesta matéria.
Para sacar (roubar, afanar) conta a média europeia, para o resto conta a média da Coreia do Norte. O salário mínimo nacional dos portugueses de segunda (todos aqueles que não pertencem ao mundo putrefacto da política e actividades correlativas) teve um acréscimo de apenas 88 euros desde 1974, enquanto que as pensões mínimas de velhice e invalidez aumentaram apenas 38 euros nos últimos 36 anos.
A propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, a Pordata divulgou alguns dados estatísticos relativamente à situação económica e social do reino lusitano cada vez mais próximo de Marrocos.
Comparando a evolução do salário mínimo e das pensões mínimas de invalidez e velhice desde 1974 até 2010, e descontando o efeito da inflação, constata-se que hoje em dia os beneficiários desses apoios sociais auferem apenas mais 88 euros e 38 euros respectivamente.
E com tão excelentes aumentos é curial que o Governo entenda que pôr esses portugueses a pão e água, eventualmente a farelo, é uma legítima forma de os obrigar a contribuir para o esforço remuneratório da casta superior formada pelos políticos e toda a corja que os rodeia.
Nesse mesmo ano (2010), correspondia a 15 por cento da população portuguesa o número de pensionistas de invalidez e velhice da Segurança Social com pensões inferiores ao salário mínimo, o que significa que perto de um milhão e meio de pessoas estavam nessa situação.
Além disso, existia mais de meio milhão de pessoas a receber o Rendimento Social de inserção, dos quais quase metade (47%) com menos de 25 anos.
A Pordata revela ainda que em 2009 (últimos dados disponíveis) Portugal era o quarto país da União Europeia com maiores desigualdades de rendimentos entre os mais ricos e os mais pobres, sendo que o rendimento dos mais ricos era 6 vezes superior ao dos mais pobres (a média europeia era de cinco).
Daí que, como muito bem dizem os donos do reino, continua a ser necessário pedir aos pobres dos países ricos para dar aos ricos dos países pobres. Continuam os milhões que têm pouco ou nada a trabalhar para encher o bandulho dos poucos que têm cada vez mais milhões.
Mesmo após as transferências sociais, quase uma em cada cinco pessoas (17,9%) era pobre, 37 por cento dos agregados constituídos por um adulto com uma ou mais crianças e 33 por cento dos agregados só com idosos também viviam em situação de pobreza.
Em apenas quatro anos (de 2005 a 2009), Portugal passou do 17º para o 9º país com a taxa de risco de pobreza mais alta da UE. Seja como for, esqueléticos fisicamente e apodrecidos mentalmente, os portugueses de segunda continuam a ser uma povo pacífico capaz, pelo menos até agora, da dar o cu e uns cêntimos (os euros já foram todos) por um prato de lentilhas.
Sem as transferências sociais, a taxa de risco de pobreza em Portugal seria cerca do dobro do que é actualmente, revela ainda a Pordata, esclarecendo que em Portugal é pobre quem vive com um rendimento mensal (por adulto) próximo dos 400 euros. Não seria aconselhável, para haver menos pobres, baixar esse valor para 200 euros?
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