O deputado socialista Fernando Medina considerou hoje de "enorme gravidade" as recentes decisões do Governo relativamente ao programa 'Novas Oportunidades', realçando que a "qualificação" é o investimento mais importante para que Portugal volte a crescer economicamente.
O PS continua a não perceber, mesmo depois das lições de tango entre José Sócrates e Passos Coelho, qual é a dança deste governo. E é pena.
É que Passos Coelho, na sua qualidade de adjunto de Miguel Relvas, aposta mesmo na “qualificação” dos portugueses. É claro que não é para os manter no país (que nem ele sabe se ainda existe) mas – isso sim – para os despachar para outros destinos, se possível só com bilhete de ida.
Fernando Medina salientou que há estudos que indicam que se Portugal tivesse o nível de qualificação dos países mais avançados o Produto Interno Bruto potencial seria cerca de dois pontos superior ao actual e a economia portuguesa teria crescido "muito mais e de uma forma mais robusta".
É verdade mas, tal como Passos Coelho, também José Sócrates substituiu as qualificações profissionais, a competência e até alguma genialidade pela subserviência e pela filiação partidária. E sendo fuba do mesmo saco, o melhor era estarem calados.
"É por isso que o prosseguimento com êxito da iniciativa Novas Oportunidades é tão importante para todos nós", sublinhou o deputado socialista. Em sua opinião, trata-se de recuperar décadas de atraso nesse domínio, pelo que Portugal necessita de fazer um esforço muito grande e "intenso" na qualificação e formação profissional.
Ainda não há muito tempo (foi no dia 29 de Janeiro), o então primeiro-ministro socialista de Portugal, José Sócrates, disse, em Braga, que "o grande projecto" para Portugal era a aposta na educação, "porque é o investimento mais importante na afirmação de um país".
Como muitas outras coisas, o que José Sócrates dizia não era para levar a sério. Desde logo porque o que ele dizia às segundas, quartas e sextas era desmentido por ele próprio às terças, quintas e sábados. Aos domingos certamente ia à missa.
Passos Coelho está, aliás, a sair-se ainda melhor do que José Sócrates, sobretudo quando manda os escravos deixarem a zona de conforto e zarparem para paragens civilizadas.
E isso sabem bem os 800 mil portugueses que estão desempregados mas que são (bem) educados, os 20 por cento que estão de forma muito (bem) educada na miséria, bem como pelos outros 20 por cento que já olham, mas sempre de forma muito (bem) educada, para os pratos vazios.
Eu sei que para Miguel Relvas (Passos Coelho, pronto!) ter um diploma não significa ser educado, estar bem preparado, ter qualificações profissionais e ter direito a fazer parte dessa nobre casta que governo o reino.
A taxa de desemprego entre as pessoas com habilitações superiores mais do que duplicou desde 2002 e hoje são bem mais do que 60 mil os que não conseguem um lugar no mercado... de trabalho, por muito bem educados que sejam.
Não admira por isso que, fartos de esperar por um emprego de acordo com as suas habilitações, os jovens façam o mesmo que Mário Soares fez em tempos com o socialismo. Ou seja, metam o diploma numa gaveta e procurem sobreviver como motoristas de táxi, como embrulhadores de compras numa loja de um qualquer centro comercial ou como autómatos nos call-centers.
Muitos têm tentado uma outra alternativa, esta bem mais promissora: a filiação no PSD e a militância activa. Alguns estão a dar-se bem, embora temam que a médio prazo tenham de mudar de camisola…
Mas, convenhamos, se for esse o caso não há nada a temer. O que custa é vender a alma a primeira vez. Depois disso, é só caminhar sempre junto ao poder e, como mandam os mandamentos da política “made in Portugal”, deixar a coluna vertebral em casa.
"Aqui está o grande projecto nacional. Esta época vai ficar marcada pela aposta na educação", afirmou no dia 10 de Março José Sócrates a propósito do projecto de modernização das escolas secundárias que previa a requalificação 313 estabelecimentos, num investimento global de 2,9 mil milhões de euros.
Até parecia que a solução estava na requalificação física das escolas e não na requalificação do país e, é claro, na dos que têm responsabilidade políticas na gestão da coisa pública. Sim, é verdade. Esses responsáveis já não têm cura, e muitos deles nem precisam de deixar a coluna vertebral em casa porque, pura e simplesmente, já nasceram sem ela.
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