O investimento de 156 milhões de euros que a Nissan previa ter pronto em Dezembro de 2012 com a abertura de uma fábrica de baterias em Cacia, Aveiro, já não vai ser concluído.
A decisão, escreve o Público, foi hoje comunicada ao Governo pela aliança Renault-Nissan, que decidiu recuar e desistir do projecto apenas nove meses após o lançamento da primeira pedra.
José Sócrates não merecia tamanha desfeita. Ainda me recordo do que ele disse no dia 11 de Fevereiro, demonstrando para espanto de todos que tinha descoberto a pólvora. Nesse dia afirmou que o seu país precisava era de "mais fábricas, mais produção, mais emprego”.
No lançamento da primeira (e última) pedra da fábrica de baterias para carros eléctricos da Nissan, que decorreu em Cacia, Aveiro, José Sócrates afirmou que este era um momento "muito especial" para Portugal. Também o era para os egípcios, mas essa é outra história.
"É disto que o país precisa: mais fábricas, mais produção, mais emprego, na fronteira tecnológica", sublinhou, sorrindo de modo a dar alma aos discursos que normalmente fazia às segundas, quartas e sextas.
Segundo o então primeiro-ministro, "Portugal estava orgulhoso por ter estado na linha da frente daqueles que, em 2008, depois do último choque petrolífero, tinha feito todo o possível para se tornar um país atraente para investimento de qualidade na mobilidade eléctrica".
Tinha toda a razão. Portugal continuava, aliás ainda continua e continuará, na linha da frente em muitas coisas, como sejam os 800 mil desempregados, os 20 por cento de pobres e outros tantos que para lá caminham, não de carro eléctrico, mas a pé… e a pedir (esmola).
"Hoje damos um passo muito significativo para que Portugal tenha um cluster industrial da mobilidade eléctrica", avançou Sócrates, certamente a ganhar velocidade para um dia destes anunciar a descoberta da pólvora ou, eventualmente, mais um cratera no sistema de saúde.
Sócrates recordou aquela que foi a luta do Governo, do seu – obviamente, nos últimos anos para conseguir esta fábrica em Portugal, referindo que na sua opinião "o carro eléctrico é o carro do futuro porque não tem emissões e não tem poluição sonora".
É verdade. Aliás, nem outra coisa era de esperar de quem era dono da verdade e que, como diria Augusto Santos Silva, deixava os seus críticos a salivar de inveja.
"A tudo isto se soma a questão da aposta portuguesa nas energias renováveis, que resultou", declarou Sócrates, avançando que Portugal "é hoje um dos países que tem melhores indicadores" e que em 2010 "mais de 53 por cento da electricidade consumida em Portugal foi produzida com base em energias renováveis".
Os portugueses continuavam felizes. Pobres, solitários, desempregados mas, graças ao então governo socialista, renovadamente felizes.
Sócrates deixou ainda uma palavra "aqueles que olham para este dia com expectativa, com vontade e com ambição", considerando que "é esta atitude que o país necessita, daqueles que querem melhorar as coisas, que querem aproveitar as oportunidades para transformar o nosso país num país melhor".
Na altura escrevi que a ambição dos portugueses era mais a de se verem livres de José Sócrates. Hoje, com muito menos tempo de poleiro, já é visível que querem é ver-se livre de Pedro Passos Coelho.
Tudo porque, dizem, só mudaram as moscas…
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