O ministro português da Solidariedade e Segurança Social considerou hoje "preocupante" o número de idosos em situação de risco, afirmando que é necessário agir de forma "muito determinada" para sinalizar estes casos e garantir a protecção destas pessoas.
Quem diria? Idosos em situação preocupante? Em Portugal? É mesmo estranho, desde logo porque se sabe que só existem 800 mil desempregados, 20% de miseráveis e outros tantos cujo grande objectivo de vida é pôr alguma coisa nos pratos.
A Segurança Social estima que sejam já 25 mil os idosos em risco e sem apoio, num universo de quase 400 mil pessoas com mais de 65 anos que vivem sozinhas em Portugal. É claro que o número dispara se se considerar os que vivem sozinhos… mas acompanhados.
"São números preocupantes", disse Pedro Mota Soares, à margem do seminário "Sociedade Civil e Envelhecimento - Desafios do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações", que decorre em Lisboa.
O ministro adiantou que, com o Censos 2011, já se conhece a dimensão do envelhecimento: "Cerca de 20% da sociedade portuguesa tem 65 anos ou mais".
"Sabemos das situações de risco e, por isso mesmo, queremos agir de uma forma muito determinada e este Ano Europeu do Envelhecimento Activo também terá de acautelar todo o fenómeno que hoje existe dos idosos que estão colocados em situações de risco", afirmou num conjunto de palavras que, logo depois, foram levadas pelos ventos agrestes de um país governado para o défice e não para as pessoas.
Nesse sentido, adiantou o ministro, tem sido feito um trabalho mais directo com as instituições sociais, com os serviços da Segurança Social para se conseguir fazer a sinalização desses casos e "garantir protecção às pessoas dentro das instituições".
Nada como ir dando o peixe (no caso para dividir por vários) sem ensinar a pescar, já não os idosos mas os filhos. Se bem que mesmo os filhos já estão também esqueléticos de tanto tentarem, como quer o Governo, ensiná-los a viver sem comer.
Uma das apostas do Governo passa pelo apoio domiciliário, com a criação de "uma nova geração de políticas" nesta área: "Estamos a discutir essa matéria com os representantes das instituições sociais. Queremos alargar o leque de serviços que são prestados hoje pelo apoio domiciliário", realçou.
No dia 20 de Fevereiro de 2010 (eu sei que se ele já nem se lembra do que disse ontem…) Pedro Passos Coelho disse no Porto, que "Portugal estava a bater no fundo". Hoje, com a sua ajuda, está a cavar mais uns metros no fundo…
Os portugueses quiseram mudar, mês escolherem farinha do mesmo saco. Esperavam que Passos Coelho e o PSD os tirassem do pântano movediço. Mas, mais uma vez, o resultado está à vista. Em poucos meses o Governo já conseguiu cavar mais uns metros, tornando ainda mais fundo e putrefacto o pântano.
Ao contrário do que prometera, Passos Coelho entende que condenar os portugueses ao insucesso é a melhor forma de recuperar o que resta. Disse aos portugueses que havia uma ponte que os levaria para a outra margem. Eles acreditaram. Hoje, chegados ao meio da travessia, concluem que afinal nem ponte existe.
Não deixa, contudo, de ser verdade que o PSD continua a ter muita gente à sua volta. Para além daqueles para quem chafurdar na merda é uma questão de sobrevivência, estão com Passos Coelho uma série de oportunistas que têm coluna vertebral e tomates amovíveis. Esses estão, aliás, sempre do lado do vencedor.
Vencedor que, neste caso já não se recorda que o seu então líder parlamentar e hoje ministro, Miguel Macedo, dizia há um ano: "O que temos hoje no país é impostos a mais, endividamento a mais, despesa pública a mais, riqueza a menos, poder de compra a menos, dificuldades a mais para as famílias e para as empresas".
Miguel Macedo apontava então os "mais de cem mil portugueses que abandonam por ano o país porque não encontram em Portugal um presente e, sobretudo, não vislumbram em Portugal um futuro".
Segundo o então líder parlamentar do PSD, "os portugueses hoje (há um ano) não vivem melhor depois de cinco anos de Governo socialista" e Portugal é "um país com mais pobres, mais excluídos e mais desigualdades".
Ao PSD só falta dizer (mas certamente já pensou nisso) que os portugueses que estão a aprender a viver sem comer são cidadãos de terceira, ou seja são todos aqueles que pensam pela sua própria cabeça e que não têm nem coluna vertebral nem tomates amovíveis.
Valha contudo a certeza de que o PSD quer resolver alguns dos mais sérios problemas do reino. Pelo que está a fazer pode ter-se a certeza de que Portugal vai mesmo ser um país diferente. A esperança média de vida vai diminuir porque os velhotes vão morrer bem mais cedo, porque os de meia idade não vão chegar a velhos e porque os mais novos não poderão ter filhos.
Além disso, a esmagadora maioria dos portugueses vai deixar de consumir definitivamente antibióticos e outros medicamentos, contribuindo assim para pôr em ordem as contas do Serviço Nacional de Saúde. Isto porque, para além do preço (que não podem pagar), esses fármacos devem ser tomados depois de uma coisa que hoje é uma miragem: refeições.
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