terça-feira, junho 26, 2007

Jornalismo e jornalistas, jornalistas e jornalismo

Tal como quis, apesar da oposição (que não sei se foi sincera) dos restantes partidos, o PS de José Sócrates aprovou um estatuto para os jornalistas portugueses que põe a sua autonomia editorial e independência no saco das miragens. Importa, contudo, reconhecer que essa autonomia e independência já eram de há muito uma miragem. E eram por culpa sobretudo dos Jornalistas que, sob a conveniente capa da cobardia anónima, se deixaram transformar em autómatos ao serviço dos mais diferentes protagonistas, sejam políticos, partidários, sindicais ou empresariais.

Basta ver quantos são os supostos jornalistas que, nomeadamente na blogosfera, dizem quem são e mostram a chipala. São muito poucos. A grande maioria prefere o cómodo e barato anonimato. Para que se não saiba que têm as meias rotas nunca se descalçam.

Na falta de capacidade intelectual para mais, toda a espécie de ratos de esgoto, mesmo que possuidores de Carteira Profissional, cria blogues e opina sem dar a cara, mostrando como é fácil atirar a pedra e esconder a pata.

E se esta estratégia é grave de uma forma geral, mais o é quando muitos destes actores de baixa (baixa, neste caso, é sinónimo de sarjeta) categoria integram a classe profissional dos Jornalistas, a tal que se diz contrária às fontes anónimas mas que, afinal, é ela própria um manancial de anónimos.

Compreendo que, refugiando-se no anonimato ou na intelectual forma de anonimato que dá pelo nome de pseudónimo, estejam mais à vontade para mostrar que já quase conseguem andar de pé. É uma evolução. No entanto, ainda faltam algumas gerações para que atinjam o nível dos Homens. E esse nível não é dado por nenhuma carteira profissional.

Habituados a viver na selva supostamente civilizada onde, com o patrocínio e cobertura dos poderes instituídos, vale tudo, entendem que a razão da força dada por alguns milhares de euros de avenças ou similares é a única lei. E, digo eu, dos Jornalistas esperar-se-ia que lutassem pela força da razão.

Força da razão? Claro que não. Até porque em Portugal não existem Jornalistas a tempo inteiro. Na maior parte do tempo útil são cidadãos como quaisquer outros e que, por isso, não precisam de ser sérios nem de o parecer. Nas horas de expediente, sete ou oito por dia, exercem o jornalismo.

Como para mim existe uma substancial diferença entre exercer jornalismo e ser Jornalista, tal como exercer medicina e ser médico, continuo a dizer que nesta profissão quem não vive para servir não serve para viver.

Infelizmente os media estão cada vez mais superlotados de gente que apenas vive para se servir, utilizando para isso todos os estratagemas possíveis: jornalista assessor, assessor jornalista, jornalista cidadão, cidadão jornalista, jornalista político, político jornalista, jornalista sindicalista, sindicalista jornalista, jornalista lacaio, lacaio jornalista e por aí fora.

Jornalistas/jornalistas são cada vez menos. Paz à sua alma!

5 comentários:

ELCAlmeida disse...

Ou será que há cada vez mais jornalistas e menos Jornalistas?
Abraços
Eugénio Almeida

Zenix disse...

É pá! Isso é que são pauladas a sério. No meu caso, ainda exploro a blogosfera. Ok. Até poderia identificar-me de alto a baixo. Mas se estou a explorar, será que tenho de ser alvo de (pre)juízos e preconceitos até ao dia em que determinar a linha a seguir no meu espaço? Aceito sugestões! Mas pauladas, não.
Abraço,
SGS

Zenix disse...

E já agora, não me oponho às fontes anónimas. Mal de nós sem elas e delas sem o anonimato.

Anónimo disse...

Você é jornalista? Acho que sim?
Compactua com alguma instituição?Tenho duvidas.

Você já olhou a seu redor? Percebeu a falsa-democracia que nos rodeia? Talvez não.

A realidade no nosso país está bem distante do conceito de sua crônica. Você não deve ser tão ingênuo assim, a ponto de achar que a classe de jornalistas está imune a ser alvo da sombra da ditadura passada.

Hoje, você não paga por dizer a verdade, com a mutilação do seu corpo. Mas paga com o flagelo de suas idéias, pela discriminação e pela buriocracia legal, na éra do Habeas-corpus, que qualquer vagabundo foragido a masi de um ano consegue comprar para não ser preso, o processo por danos morais tá ai. para calar-te de alguma maneira ou imperir- te de seguir sua carreira.

Soaria hipócreta um cyber-pseudônimo falar-te assim?

Você pede transparência, quem neste país é transparente? Até a água de nossos rios está poluída.

De que adianta falar a verdade, se logo em seguida você vai ter que pedir desculpas para não tomar um processo ns costas ou ser sabotado pelo governante bravateiro ou pelo anunciante publicitário do seu veículo?

Lembre-se de como iniciou os trabalhos da imprensa, na castidade da censura e no que ela se tornou hoje em dia.

Abraço.

Vamos todos para o inferno.

Anónimo disse...

Você é jornalista? Acho que sim?
Compactua com alguma instituição?Tenho duvidas.

Você já olhou a seu redor? Percebeu a falsa-democracia que nos rodeia? Talvez não.

A realidade no nosso país está bem distante do conceito de sua crônica. Você não deve ser tão ingênuo assim, a ponto de achar que a classe de jornalistas está imune a ser alvo da sombra da ditadura passada.

Hoje, você não paga por dizer a verdade, com a mutilação do seu corpo. Mas paga com o flagelo de suas idéias, pela discriminação e pela buriocracia legal, na éra do Habeas-corpus, que qualquer vagabundo foragido a masi de um ano consegue comprar para não ser preso, o processo por danos morais tá ai. para calar-te de alguma maneira ou imperir- te de seguir sua carreira.

Soaria hipócreta um cyber-pseudônimo falar-te assim?

Você pede transparência, quem neste país é transparente? Até a água de nossos rios está poluída.

De que adianta falar a verdade, se logo em seguida você vai ter que pedir desculpas para não tomar um processo ns costas ou ser sabotado pelo governante bravateiro ou pelo anunciante publicitário do seu veículo?

Lembre-se de como iniciou os trabalhos da imprensa, na castidade da censura e no que ela se tornou hoje em dia.

Abraço.

Vamos todos para o inferno.