O primeiro-ministro de Portugal (de que outro país poderia ser?) considerou hoje que Mário Soares sabe, por experiência própria, como é difícil aplicar programas de austeridade como o actual e como isso é indispensável.
Mário Soares sabe isso e os portugueses sabem que Passos Coelho é um mentiroso. Tal como sabem que Portugal nunca esteve tão perto como agora de ser um estado esclavagista.
Passos Coelho, que provavelmente também se acha dono da verdade, não gostou do manifesto encabeçado pelo ex-presidente da República que apela à mobilização de quem se opõe às actuais políticas de austeridade.
"Ele sabe como é difícil aplicar este tipo de medidas, mas ele como talvez mais ninguém tem noção de como é indispensável produzir estas alterações para sairmos da situação em que estamos e cumprirmos com as obrigações externas que o país tem", afirmou Passos Coelho.
Afinal quem disse; “Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa”? Ou, “aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias”?
Ainda a propósito do manifesto, Passos Coelho ressalvou que o antigo presidente da República, "como qualquer cidadão português, tem o direito de exprimir as suas diferenças de pontos de vista sobre as opções políticas que em cada momento são tomadas".
Ainda bem que o disse. Deve ter custado. Mas assim ficou a saber-se que Mário Soares, pelo menos ele, tem direito a exprimir as suas opiniões. Não é que a palavra do primeiro-ministro valha alguma coisa, mas fica registado.
E não vale porque se trata da mesma pessoa que dizia: “Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa. Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas. Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português. A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento”.
O primeiro-ministro que ainda não há muito tempo pergunta: “Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?”, acrescentou que tem "muito respeito por Mário Soares" e considerou ainda que "a mobilização dos portugueses para a reflexão e para a acção política é uma mobilização positiva", acrescentando que nunca o ouvirão "desincentivar a mobilização seja do que for".
Será? É que Passos Coelho já avisou que o Governo não permitirá o direito à indignação aos “que pensam que podem incendiar as ruas" e trazer "o tumulto"…
"Mas, se reconheço a importância das pessoas se mobilizarem e se exprimirem, também reconheço que aquilo que é bem importante nesta altura para Portugal é encontrar uma saída para a crise, que resulta do nosso trabalho e do nosso afinco em fazer as transformações que precisamos de fazer. E, portanto, a mim cabe-me a mim tentar mobilizar os portugueses para a acção de todos os dias contribuírem também para a transformação da sociedade portuguesa", concluiu.
E se a Passos Coelho cabe tudo isso, aos escravos cabe dizer-lhe da forma que considerem mais apropriada, que não admitem viver de fuba podre, peixe podre, panos ruins, meia dúzia de euros e porrada se refilarem.
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