O presidente da República de Portugal confessou, hoje, o orgulho que sente ao ver portugueses a trabalhar em instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, considerando que se tratam de "embaixadores" de Portugal.
Cavaco Silva dá razão ao secretário de Estado da Juventude, Alexandre Miguel Mestre, que no Brasil disse que os jovens que não arranjam emprego em Portugal devem emigrar. Se cumprirem, serão uns milhares.
E, na óptica do governo esclavagista de Pedro passos Coelho, quantos mais forem, melhor. E se aos jovens se juntar os restantes 800 mil desempregados, os 20% de miseráveis e os outros 20% que ainda têm pratos mas não têm comida, então o país ficará em ordem.
"Para mim enquanto presidente da República é um certo motivo de orgulho saber que portugueses são seleccionados de acordo com os critérios mais exigentes que eu conheço dessas instituições para ocuparem lugares de destaque", afirmou Cavaco Silva.
Sobre a eventual, remota, hipotética, possibilidade de Portugal implantar esse mesmo primado da competência e não, como agora acontece, o da subserviência, Cavaco silva continua calado. A bem da nação, entenda-se.
O presidente da República, que falava durante um encontro que teve em Washington com funcionários portugueses do Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, Banco Interamericano de Desenvolvimento e também na Reserva Federal norte-americana, classificou-os mesmo como "embaixadores de Portugal".
"Embaixadores" que ajudam os norte-americanos a conhecerem melhor Portugal e a terem "uma imagem correcta" do país, "principalmente nesta fase da crise do euro, do abrandamento da economia mundial", acrescentou.
Se esses "embaixadores de Portugal" quiserem mesmo ajudar os norte-americanos a terem "uma imagem correcta" do país, então o reino lusitano está literalmente lixado.
Isto porque terão de falar de um país onde 40% de cidadãos estão a aprender a viver sem comer, onde o importante não é estar bem preparado, desde logo porque a competência nada significa perante a subserviência em que os "jobs" são para os "boys", onde os génios são menos importantes do que os néscios, desde que estes tenham obviamente cartão do partido.
Terão de falar de um país onde os seus licenciados andar a guiar táxis, a fazer embrulhos em lojas de roupa ou a servir às mesas nos cafés.
Terão de falar de um país onde o governo está nas tintas para os portugueses que não têm coluna vertebral amovível, onde existem “cada vez mais jornalistas que saltam das redacções para se tornarem criados de luxo do poder vigente".
Lembrando o "esforço enorme" que está a ser feito, o presidente da República assegurou que os grandes desafios que Portugal tem pela frente serão superados. "Quero vir dizer aqui que isto vai mesmo acontecer, não é retórica", enfatizou.
E Cavaco, mais uma vez, sabe o que diz. Não só porque, em termos vitalícios, tem direito a 4.152 euros do Banco de Portugal, a 2.328 euros da Universidade Nova de Lisboa e a 2.876 euros de primeiro-ministro, como também porque foi primeiro-ministro de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995, venceu as eleições presidenciais de 22 de Janeiro de 2006 e foi reeleito a 23 de Janeiro de 2011.
Já no final da sua intervenção, feita de improviso, Cavaco Silva deixou a "esperança" de que estes portugueses "altamente qualificados" um dia regressem a Portugal, recordando que ele próprio também viveu três anos em Inglaterra, mas acabou por voltar dez dias antes do 25 de Abril por causa daquela "mania da saudade".
Se calhar, bem vistas as coisas, Portugal teria ganho muito mais se Cavaco não tivesses regressado. Mas…
Cavaco Silva tem-se mostrado preocupado (é o que ele diz) com as situações que resultam da perda do emprego, da quebra de rendimentos das famílias e da emergência de novos pobres, chegando mesmo – no intervalo das refeições – a falar de “insuficiência alimentar”.
E devido a essa preocupação, Cavaco Silva e toda a sua equipa, constituída por quase 500 pessoas e que apenas representa 16 milhões de euros por ano, vai passar a fazer greve de fome… entre as refeições, obviamente.
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