O Sindicato dos Jornalistas (SJ) de Portugal considera inaceitável o facto de a Sonaecom – que há uma semana anunciou lucros recorde de 57,1 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2011 – pretenda sacrificar os trabalhadores do jornal “Público” cortando-lhes parte dos salários e colocando 21 em regime de lay-off.
Em comunicado hoje divulgado, o SJ sublinha que os custos com pessoal do Online e Media (2,72 milhões de euros nos três primeiros trimestres deste ano), que inclui o “Público”, representam menos de 1,5% dos custos operacionais da Sonaecom, o que revela a diminuta expressão dos salários dos trabalhadores do jornal nos custos do grupo.
Assim, considera o SJ, as medidas agora anunciadas relativamente ao jornal só podem ser entendidas como uma forma de a empresa se financiar à custa dos trabalhadores e da Segurança Social para aumentar os seus lucros.
É o seguinte o texto, na íntegra, do Comunicado:
“1. Exactamente uma semana depois de a Sonaecom, do poderoso grupo Sonae, ter anunciado lucros recorde de 57,1 milhões de euros nos três primeiros trimestres de 2011, um aumento de 92,3% relativamente ao mesmo período do ano passado, a administração do jornal “Público” comunicou à Comissão de Trabalhadores a intenção de cortar salários a parte dos jornalistas e outros trabalhadores e de colocar outros 21 em regime de lay-off, poupando assim um milhão de euros em 2012.
2. Perante lucros tão expressivos e a dimensão da Sonae, não é compreensível e muito menos é aceitável que a Sonaecom pretenda sacrificar os trabalhadores ao objectivo único do lucro, diminuindo-lhes os rendimentos e financiando-se à sua custa e à custa da Segurança Social para aumentar os seus lucros.
3. Sublinhe-se que os custos com pessoal do Online e Media (2,72 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano), que inclui o jornal “Público” mas também o portal Miau.pt, representam menos de 1,5% dos custos operacionais da Sonaecom (186,1 milhões de euros no mesmo período), o que revela a diminuta expressão dos salários dos trabalhadores do jornal nos custos do grupo.
4. Ao reduzir durante pelo menos seis meses os salários dos jornalistas e outros trabalhadores ao serviço do “Público”, negócio que representa uma pequeníssima parte dos encargos da Sonaecom e uma gota no universo Sonae, o grupo está a fazer com que sejam eles a pagar parte dos resultados negativos desta componente dos negócios.
5. Pior, ao colocar 21 trabalhadores em regime de suspensão do contrato de trabalho, a Sonaecom transfere para a Segurança Social grande parte (70%) do encargo com as suas retribuições – aliás reduzidas a dois terços – obtendo assim um financiamento indirecto para a operação de reequilíbrio financeiro do “Público”, sem beliscar os elevados lucros do grupo.
6. Assim, a Direcção do Sindicato dos Jornalistas repudia firmemente as intenções da empresa, reafirma a sua solidariedade para com todos os jornalistas e outros trabalhadores ao serviço do “Público” e exorta a Sonaecom a abster-se de medidas que atentem contra o direito ao trabalho e ao salário.”
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