Embora saibam que, no reino cada vez mais esclavagista como é Portugal, o que conta é a razão da força e na força da razão, os trabalhadores da RTP repudiam a intenção do Governo de privatizar um dos seus canais.
Reunidos em plenário hoje, aprovaram uma moção em que decidem igualmente participar de forma activa na greve geral do próximo dia 24.
É o seguinte o texto, na íntegra, da Moção aprovada no plenário:
«Considerando que:
1.O Governo promove ou é cúmplice em campanhas de intoxicação da opinião pública contra o serviço público de rádio e de televisão, contra a RTP e os trabalhadores ao seu serviço, designadamente manipulando números e escondendo que esta é a empresa que menos custa aos cidadãos nacionais comparada com as suas congéneres europeias;
2.O serviço público deve ser assegurado, nos termos de lei, através de uma oferta variada de serviços de programas de rádio e de televisão, cobrindo todo o território português em sinal aberto e procurando satisfazer as necessidades informativas, educativas, culturais e de entretenimento de todos os portugueses;
3.A privatização de um canal da RTP, que o Governo tenciona fazer, representaria uma diminuição muito grave da capacidade da empresa para assegurar o serviço público de televisão que lhe está confiado e que expressamente contempla a existência de dois canais;
4.O encerramento de delegações da RTP põe em causa a capacidade da empresa de cobrir importantes regiões do país e do mundo, bem como a qualidade do serviço prestado aos cidadãos;
5.A Administração e o Governo aprovaram a reestruturação da empresa e preparam a exploração de sinergias com a Lusa sem qualquer discussão e muito menos negociação com as organizações representativas dos trabalhadores;
6.A Administração e o Governo preparam o despedimento de 300 trabalhadores encapotado de «rescisão amigável», podendo afectar a capacidade de produção da empresa e ameaçando as condições de vida de inúmeras famílias;
7.As famílias dos trabalhadores da RTP já estão confrontadas – e vão sê-lo ainda mais – com a redução de salários, a diminuição do poder de compra, o agravamento dos impostos, a eliminação do abono de família para muitas delas e a redução de subsídios de desemprego e do período de desemprego com direito a subsídio;
8.Além do roubo do subsídio de Natal deste ano, o Governo pretende confiscar os subsídios de Natal e de férias dos trabalhadores da RTP e do sector público em geral, bem como dos pensionistas, pelo menos dos próximos dois anos;
9.Além do congelamento das carreiras e dos cortes salariais no ano em curso, o Governo pretende impor, aos trabalhadores da RTP e no sector público em geral, mais reduções em 2012 e 2013, sem garantia de reposição e sem garantia de que não reincidirá nestas medidas nos anos seguintes;
10.Os trabalhadores da RTP e do sector público continuam a enfrentar sacrifícios atrás de sacrifícios, ao mesmo tempo que o Governo se prepara para enterrar no buraco do BPN mais três mil milhões de euros dos contribuintes, a juntar aos mais de dois mil milhões de euros que já lá enterrou.
Os trabalhadores ao serviço da RTP, reunidos em plenário em 2 de Novembro de 2011, decidem:
1.º - Repudiar os ataques à empresa e aos Serviços Públicos de Rádio e de Televisão;
2.º - Exigir que a Empresa discuta os planos de reestruturação e outras medidas com as organizações representativas dos trabalhadores – Comissão de Trabalhadores e sindicatos;
3.º - Manifestar a sua solidariedade para com todos os trabalhadores vítimas da enorme ofensiva contra os seus direitos laborais e sociais, que afundam a economia do País e empobrecem trabalhadores, reformados, pensionistas e população em geral;
4.º - Participar activamente na Greve Geral convocada pela CGTP e pela UGT para o dia 24.»
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