O Governo assumiu uma vitória eleitoral como sendo algo que lhe dá direitos de propriedade sobre os portugueses.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou hoje que existe uma verba de cerca de 7 milhões de euros para corrigir as "situações mais gritantes" das "injustiças" criadas pelo "incumprimento" do estatuto remuneratório das forças de segurança.
Pois é. Cuidado com as forças de segurança. É que existe uma grande disparidade entre as armas à disposição dos escravos e as que, em qualquer altura, podem ser usadas por essas forças, em sentido lato.
"Não poderemos deixar de corrigir as situações mais gritantemente injustas e, nessa medida (…) englobamos uma verba de cerca de sete milhões de euros para que nas forças de segurança as situações mais gritantes possam ser corrigidas", disse Passos Coelho.
O primeiro-ministro falava no Parlamento na discussão, na generalidade, do Orçamento do Estado, em resposta ao deputado do CDS-PP, Telmo Correia.
"O Governo tem cerca de 45 a 50 mil milhões, não tenho o valor preciso nesta altura, de correcção que precisaria de afectar ao pagamento de remunerações das forças de segurança para que as injustiças que foram criadas com o cumprimento, ou devo dizer o incumprimento, do novo estatuto remuneratório acarretaria", afirmou.
"O Governo não tem e não dispõe dessa quantia para poder resolver esse problema, como de resto o anterior Governo sabia que não tinha e o seu ministro das Finanças adoptou uma decisão que impedia que se continuasse a aplicar aquele regime", acrescentou.
Contudo, "essa é uma preocupação" do Governo, que pretende "corrigir" essa matéria na medida das suas "possibilidades".
Por corrigir, obviamente, vão continuar as injustiças sobre a esmagadora maioria da plebe, começando nos 800 mil desempregados, nos 20% de pobres e nos outros 20% que se pelam para ver se, ao menos, um dia destes conseguem pôr comida nos pratos (ainda não penhorados) da família.
Mário Soares bem diz que é preciso convencer o líder esclavagista, Passos Coelho, “de que além de crescimento económico é preciso trabalho, trabalho, trabalho".
Soares diz que o que o "preocupa é que haja só medidas no plano da austeridade e que se esqueça as pessoas, que estão em primeiro lugar do que os números". Acrescenta o antigo presidente da República que "mais importante do que haver défice ou não haver, isso é lá com eles, veremos, é as pessoas não terem que comer, ficarem numa situação difícil, isso é que não pode ser".
Ai não, não pode! O Governo assumiu uma vitória eleitoral como sendo algo que lhe dá direitos de propriedade sobre os portugueses. E como qualquer proprietário, se ele entende que os escravos devem estar a pão e água, quando muito a farelo, é isso que acontece.
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