domingo, setembro 04, 2011

De crise em crise até à crise final


Manuel Pinho decretou o fim da crise em 2007. Teixeira dos Santos em 2009. Passos Coelho em 2011. O Povo, esse vive sem comer… a bem da nação.

“Quero crer que estamos mais próximos do fim da crise do que do seu início e creio que estaremos, porventura, a passar o pior momento da crise nos últimos meses e que, como os indicadores têm vindo a acentuar, a crise está a atenuar-se”, frisou Teixeira dos Santos à margem da primeira reunião de ministros das Finanças da CPLP, em Lisboa, em Junho de 2009.

Dois anos antes já o então ministro da Economia, Manuel Pinho, tinha também decretado o fim da crise.

Dois anos depois foi a vez do primeiro-ministro, já não José Sócrates, mas Pedro Passos Coelho vir dizer hoje que 2012 será "o ano do princípio do fim da emergência nacional".

Escolhemos fazer do ano de 2012 o ano do princípio do fim da emergência nacional", afirmou Pedro Passos Coelho, numa intervenção no encerramento da Universidade de Verão do PSD, que decorreu em Castelo de Vide.

E depois de vermos os falhanços de Manuel Pinho e Teixeira dos Santos, fiquemos agora à espera de igual desastre nas previsões de Passos Coelho.

Segundo o primeiro-ministro, "o governo tem cortado na despesa todos os dias". É verdade. Melhor, meia verdade.

O corte acontece de facto todos os dias. Só que acontece nas despesas dos outros. São cortes nos medicamentos, na comida, no  vestuário… na vida.

"Este governo tem cortado despesa todos os dias porque sabe que não há outro caminho, outra maneira de proceder", garante Passos Coelho, ocultando com doses industriais de batota que, afinal, a crise está a ser paga sempre pelos mesmos.

E os mesmos não são os super “boys” do PSD e restante comandita, mas os milhões de cidadãos que continuam na árdua luta de tentar viver sem comer e de morrer sem ficarem doentes.

É claro que, mais uma vez (desta feita no Pontal), o primeiro-ministro não explicou os detalhes das medidas que diz ir adoptar  para o corte dos gastos públicos este ano. Consciente da babugem que o rodeia, Passos Coelho já entrou no esquema político que tem caracterizado a sociedade portuguesa nos últimos anos: dizer às segundas, quartas e sextas uma coisa, e às terças quintas e sábados outra.

Calcula-se que o domingo vá receber a hóstia para, logo a seguir, continuar a sua impune senda de gozar com a chipala dos 800 mil desempregados, dos 20 por cento de pobres e de outros tantos que já mal sabem para que servem os pratos.

Segundo o chefe do posto do PSD e do governo, para o próximo ano o corte já está definido em percentagem e cabe a cada ministro encontrar formas de poupança. Creio, contudo, que para a hercúlea missão que caberá aos ministros, estes terão necessariamente de admitir mais uns tantos super-especialistas, todos formados pela “universidade e Verão” do PSD.

No discurso que fez em Quarteira, Passos Coelho garantiu que já pediu a cada ministério que corte "quase 10% da sua despesa corrente em apenas um ano". Uma redução "sem paralelo nos últimos 50 anos", frisou.

Pois é. Sem paralelo, isso sim, nos últimos 50 anos é o nível de não-vida a que chegaram os portugueses. Disso não se lembra (também não foi para isso que ele foi eleito) Pedro Passos Coelho. Do que ele se lembra é que tem de trabalhar para os poucos que têm milhões e não para os milhões que têm pouco… ou nada.

Como homem que não tem palavra, o líder do PSD já se esqueceu das razões que o levaram há pouco mais de um ano a pedir (vê-se agora que o fez de forma hipócrita) desculpa aos portugueses por ter dado o seu acordo a um conjunto de “medidas duras” e algumas contrárias ao que tinha defendido.

“Devo pessoalmente um pedido de desculpas ao país por estar a fazer aquilo que disse que não gostaria de fazer e que não achava que devesse ser feito”, afirmou então Pedro Passos Coelho.

O líder social-democrata lembrou na altura que não defendeu “um aumento dos impostos e disse que era necessário esgotar todas as vias” para que os compromissos portugueses no estrangeiro “não exigissem estas medidas”.

Nesses tempos, Passos Coelho entendia que o seu nome ficava associado a um programa que implicava “mais sacrifícios aos portugueses”, mas também a “mais saneamento financeiro para o Estado”.

Como as hóstias tiram os pecados, é bem certo que o sector que as fabrica está em franco crescimento, desde logo porque por lá passam constantemente os políticos, e similares, do governo de Passos Coelho.

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