quinta-feira, setembro 15, 2011

Os somalis precisam. E os guineenses?

Angola está no bom caminho, tal como Portugal. Ambos têm os filhos descalços, mas apostam em dar sapatos aos filhos dos vizinhos.

Existem cerca de 68% de angolanos afectados pela pobreza, mas isso não impede que Angola tenha doado uma ajuda de cinco milhões de dólares para apoiar o combate à situação de crise humanitária na Somália.

A Guiné-Bissau, por exemplo, é um dos países com a taxa mais elevada de mortalidade infantil no mundo.

Talvez um dia (santa ingenuidade a minha)  a CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, presidida pelo único país lusófono cujo presidente nunca foi eleito, Angola, perceba a porcaria que anda a fazer em muitos países lusófonos.

Com 168,7 mortes por cada mil nascimentos, a Nigéria ocupa o primeiro lugar da lista, seguido do Níger e do Mali, ambos com uma média de 161 mortes.

Já na Guiné-Bissau, que ocupa a terceira posição, em cada mil crianças que nascem morrem 158,6 crianças antes de atingir os cinco anos, referem dados divulgados pela revista norte-americana The Lancet, e que foram compilados pela Universidade de Washington.

Mais há mais, muito mais dados que – para além de envergonharem as autoridades guineenses – revelam a hipocrisia que reina nos areópagos das principais capitais da CPLP, a começar por Lisboa e terminando em Luanda.

Dois em cada três guineenses vivem na pobreza absoluta, a Guiné-Bissau continua a ocupar uma posição de desenvolvimento muito precária no concerto das Nações, com uma evolução relativamente baixa da economia e um crescimento do Produto Interno Bruto fraco.

A esperança de vida à nascença para um guineense é de "apenas" de 45 anos, atendendo à fragilidade humana, sobretudo por causa da fraca cobertura dos serviços sociais.

Apesar disso, os líderes guineenses (tal como os de todos os países da CPLP) vão continuar a saborear várias refeições por dia, esquecendo que na mesma rua há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morre com fome.

Tal como acontece, por exemplo, em Angola, também em Bissau se pensa que é possível enganar toda a gente durante todo o tempo. Mas não é. E, mesmo que famintos, ainda sobra força aos guineenses para um dia destes voltarem a fazer o que já começa a ser um hábito: puxar o gatilho.

Quando leio notícias deste tipo fico virado do avesso. Tal como entendo que os franceses devem dar prioridade aos países francófonos, imaginava que os portugueses deveriam fazer o mesmo em relação aos lusófonos.

Mas ainda bem que, mesmo que isso signifique (como significa) um monstruoso e dilacerante murro no estômago, há gente que por gostar tanto de mim me explica que os meus ideais são uma utopia.

Foi isso que me aconteceu. Explicaram-me que, tirando aqueles que descendem de gente com raízes africanas, são poucos os portugueses a quem a real África lusófona diz alguma coisa.

- E são poucos porquê?

Olhando-me como que a dizer: acorda!, explicaram-me que a juventude portuguesa o que sabe da África lusófona é o que mais ou menos vai aprendendo nas escolas, o que em síntese é quase nada, ou mesmo nada.

E se é isso que aprendem, se não lhes ensinam o que é a real Lusofonia, para eles é mais importante o que se passa em Kiev do que o que se passa em Luanda, é mais importante o que se passa em Bruxelas do que o que se passa na Cidade da Praia, é mais importante o que se passa em Tripoli do que o que se passa em Díli.

E se calhar até têm razão. Portugal adoptou oficialmente a tese de que a Europa é que tem futuro (e, de facto, os credores é que mandam). E quem sou eu para justificar que o presente pode ser a Europa, mas que o futuro, esse passa pela África lusófona? Sim quem sou eu?

Se, de facto, a dita CPLP é uma treta, e a Lusofonia é uma miragem de meia dúzia de sonhadores, o melhor é mesmo encerrar para sempre a ideia de que a língua (entre outras coisas) nos pode ajudar a ter uma pátria comum espalhada pelos cantos do mundo.

E quando se tiver coragem (para mim será cobardia, mas quem sou eu?) para oficializar o fim do que se pensou poder ser uma comunidade lusófona, então já não custará tanto ajudar os filhos do vizinho com aquilo que deveríamos dar aos nossos próprios filhos.

É claro que essa coisa de que quem não vive para servir não serve para viver não se aplica à Guiné-Bissau. Nem a Portugal, muito menos a Angola, acrescente-se.

1 comentário:

Fada do bosque disse...

Portugal adopta teses Orlando? Desde quando? Portugal faz o que lhe mandam, para isso e como Angola, ou outros latifúndios globais, têm sempre os mesmos (se bem que em alguns casos sejam rotativos), cães de fila muito bem pagos, para que deixem morrer os seus povos à fome!
Entretanto veja o que encontrei no blogue de um embaixador, intitulado "Angola, Onde Isso Já Vai!"
Lisboa - Até inicio de 2010, um dos filhos do general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, identificado por “Buchecha” passou a dispor o seu próprio jacto privado, o conhecido “Falcon 50” que é uma aeronave fabricada pela francesa Dassault cujo preço de venda ronda a partir de 9 milhões e 900 000 euros - manutenção anual avaliada em 2 milhões de dólares - .

Avaliado em 9 milhões de Euros

O avião do jovem é geralmente usado para as frequentes viagens privadas que faz a parís e Lisboa, na companhia dos seus mais próximos. Um dos profissionais a quem o mesmo convida para tripular a sua aeronave é Miguel Prata, piloto ligado a TAAG, de quem é igualmente cunhado. (...)

http://club-k.net/preto-a-branco/8449-filho-do-general-kopelipa-compra-aviao.html

Que Mundo triste, Orlando!