quarta-feira, setembro 14, 2011

De Leila Lopes aos meninos do Huambo,
dos diamantes à fuba e ao peixe podres!

A angolana Leila Lopes é a nova Miss Universo. Angolanos também são os 68% afectados pela pobreza.

Apesar da escolha, que a todos honra, a taxa de mortalidade infantil em Angola é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças.
No país de Leila Lopes, apenas 38% da população tem acesso a água potável,  somente 44% dispõe de saneamento básico,   apenas um quarto da população tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade.
Leila Lopes diz que tem ajudado o seu povo. Ainda bem. É que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos.
Sendo uma mulher que, além de ser a mais bela, também sabe pensar, Leila deve estar preocupada, por exemplo, com a taxa de analfabetos que é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação é agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino.
A Miss Universo 2011 também sabe que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos, que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens é o método utilizado pelo regime para amordaçar os angolanos, que 80% do Produto Interno Bruto angolano é produzido por estrangeiros; que mais de 90% da riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em menos de0,5% de uma população; que 70% das exportações angolanas de petróleo tem origem na sua colónia de Cabinda.
Leila sabe igualmente que o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.
Sabe ela e sabe o mundo. Apesar disso, mesmo que o saber não ocupe lugar, o silêncio sobre estas matérias é de ouro. É que o simples facto de se dizer o que se pensa pode ser entendido como um crime contra a segurança do Estado.

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