Ao contrário de outros países, como Portugal – por exemplo, a Guiné-Bissau não cospe (por enquanto) no prato que lhe deu comida.
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, disse hoje que, se Muammar Kadhafi decidir vir para Bissau “será muito bem-vindo”.
“Kadhafi, durante o seu mandato, sempre apoiou a Guiné-Bissau, as obras e o apoio que ele deu estão visíveis, não escondemos nada”, disse o primeiro-ministro, que falava aos jornalistas no aeroporto de Bissau, após ter participado na Cidade da Praia na cerimónia de posse de José Carlos Fonseca como Presidente de Cabo Verde.
Gomes Júnior disse que a Guiné-Bissau é solidária com o povo líbio, acrescentando: “Mas o Presidente Kadhafi merece-nos todo o respeito”.
Se calhar, como dizia o ex-primeiro-ministro português, José Sócrates, Muammar Kadhafi era para alguns um “líder carismático”. É claro que quando os donos do mundo decidiram, passou de bestial a besta.
“Não estamos com o mandato internacional emitido pelo Tribunal Penal Internacional, não aderimos à convenção de Roma, portanto somos livres, enquanto Estado, de acolhermos os nossos amigos”, frisou Carlos Gomes Júnior.
Pois é. Pobres mas livres. Até um dia. Sim, que ou mudam de opinião ou um dia destas os tais donos do mundo vão dizer que fecham a torneira das ajudas. E nessa altura lá terá Carlos Gomes Júnior de dizer que afinal Muammar Kadhafi era mesmo uma besta.
Na quinta-feira, o procurador do Tribunal Penal Internacional Luis Moreno-Ocampo pediu à Interpol para emitir um “alerta vermelho” sobre Muammar Kadhafi, que é alvo de um mandado de detenção do tribunal.
Na embaixada da Líbia na Guiné-Bissau chegou a ser hasteada a bandeira do Conselho Nacional de Transição (CNT, órgão político e militar dos rebeldes anti-Kadhafi e que ajudou a NATO a derrubar o coronel Kadhafi) mas o governo de Carlos Gomes Júnior mandou que fosse retirada. A embaixada não tem actualmente qualquer bandeira.
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