O vice-presidente da associação Transparência e Integridade, Paulo Morais, afirmou hoje que grande parte dos impostos que os portugueses pagam estão a "derreter" em mecanismos de corrupção.
Antes de divulgar o texto das declarações de Paulo Morais à Lusa, permitam-me que por uma questão de memória (recente) me interrogue se não terá sido por pensar como pensa que, no passado dia 7 de Junho, Paulo Morais foi “despedido” de colunista do Jornal de Notícias.
“O JN necessita de voltar a ter um grande foco nas razões de proximidade que fizeram dele mais que um jornal, o sítio onde as pessoas encontravam refúgio e ganhavam voz para os grandes desafios e trabalheiras do quotidiano”, escreveu o director do JN na carta (modelo único para todos os colaboradores mandados à vida) a Paulo Morais, acrescentando: “há uma nova aposta que vale a pena ser vivida em nome de um jornalismo e de um jornal mais próximo das nossas gentes sem deixar de olhar todos os horizontes”.
Creio que falar de corrupção, tema de eleição de Paulo Morais, não é de facto um factor de proximidade. Ou é demasiado de proximidade. Seja como for, o resultado foi o mesmo.
"Grande parte dos cerca de 80 mil milhões de euros que o Estado gasta por ano é derretido em mecanismos de perfeita corrupção, alguns dos quais são bem conhecidos", diz Paulo Morais, vice-presidente da associação Transparência e Integridade, em entrevista à agência Lusa.
Segundo Paulo Morais, "bastará focar o aspecto das parcerias público-privadas", nomeadamente a renegociação com as concessionárias das antigas SCUT, que fez com que os portugueses passassem a pagar duplamente mais: em portagens e em impostos para pagar auto-estradas que vão ficar ainda mais caras.
O ex-vice-presidente da Câmara do Porto classificou o exemplo das SCUT "claramente um caso de prejuízo com dolo do Estado português por parte de um conluio entre quem negoceia em nome do Estado e os concessionários que obtiveram a concessão".
"Através de um mecanismo pomposa e eufemísticamente chamado de disponibilidade diária das estradas, garantir rentabilidades da ordem dos 14, 15% dos concessionários sobre preços que, por sua vez, já eram elevados, independentemente do tráfego, é perfeitamente inadmissível", considerou.
Para Paulo Morais, a eventual cessação das novas condições acordadas para as ex-SCUT "é uma questão que tem de ser tratada com urgência, porque por cada mês que passa são milhões de euros que o povo português perde para pagar a uns senhores que conseguiram, à custa da conivência de pessoas no Estado, garantir rendas verdadeiramente obscenas".
O vice-presidente da secção portuguesa da Transparência Internacional voltou a acusar a classe política portuguesa de se ter transformado numa "mega central de negócios", onde reina a promiscuidade entre pessoas que, alternadamente, são titulares de cargos públicos e administradores de grupos empresariais fornecedores do Estado.
"Não faz sentido que os portugueses paguem tantos impostos. Não faz sentido que uma pessoa que leva no fim do mês 700 e tal euros para casa custe à sua empresa, por uma questão fiscal, 1.600", defendeu.
Segundo Paulo Morais, a diferença entre o custo real do trabalhador e o salário que recebe vai em parte para serviços que os cidadãos utilizam, mas também "vai muito dele para mecanismos de corrupção".
1 comentário:
Só tenho imensa pena que os EUA mantenham o seu silêncio sobre este assunto, quando são eles os principais exploradores da região, realmente a Declaração Universal dos direitos do Homem de nada valem para as potências mundiais...
despreso-os completamente
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