O líder do PSD/Porto, Virgílio Macedo, acusa o executivo de Pedro Passos Coelho de ter "tiques de centralização de competências", usando o "argumento da racionalização".
Traduzindo: onde estão os tachos para a malta do PSD?
Segundo a terminologia do PS…D, é chato – eu diria muito chato – o governo não ter feito "praticamente nenhuma" nomeação para a administração central, mantendo "toda a máquina socialista que foi vergonhosamente colocada nesses cargos".
Virgílio Macedo tem toda a razão. Se fosse para não haver novos tachos, porque carga de chuva o pessoal iria votar no PSD?
Embora o líder do PSD/Porto saiba que é tudo uma questão de tempo, está a desesperar porque a clientela do partido começa a cobrar-lhe as promessas.
"Embora possam existir argumentos que levem a que este não seja o tempo certo para se iniciar um processo de regionalização, certamente também não é este o tempo de com o argumento da racionalização de custos se iniciar um processo de centralização", afirmou o social-democrata durante a Assembleia Distrital do PSD/Porto que decorreu ontem à noite.
Virgílio Macedo lembrou mesmo que "nas últimas semanas foram anunciadas algumas medidas de reorganização administrativa em estruturas centralizadas que podem ser um sinal da existência de tiques governativos de centralização de competências, os quais terão a minha maior oposição".
Referia-se à "extinção da Direcção Regional da Economia, ou da Direcção Regional da Educação do Norte, ou ainda da Administração da Região Hidrográfica (ARH) e a sua incorporação numa agência do ambiente e da água a criar com sede em Lisboa e não na CCDR-N como seria normal".
Estes, considera Virgílio Macedo, "poderão ser sinais de centralização que deverão ter a mais firme oposição por parte do PSD do distrito do Porto".
E logo numa altura em que a rapaziada do partido já se via, devidamente acompanhada por assessores e similares, e sem grandes mudanças geográficas, à frente de uma série de organismo, aparece o governo a acabar com essas estruturas.
É chato. Convenhamos que é mesmo muito chato. Tivesse Passos Coelho dito isso antes das eleições e outro galo cantaria. Se calhar seria um galo socialista com timbre social-democrata.
Continuando a tecer críticas a alguns aspectos da governação do executivo PSD/CDS, o líder social-democrata do Porto referiu-se também ao facto de ainda não ter sido feita "praticamente nenhuma" nomeação para cargos da administração central. "Toda a máquina socialista que foi vergonhosamente colocada nesses cargos, mantém-se na administração central", lamentou.
Recordando ter sido compromisso do PSD "despartidarizar a administração pública" e reconhecendo que "nem todos os militantes socialistas nomeados para funções são incompetentes", salientou porém que o "o governo de Portugal não pode recear substituir os incompetentes que estão em funções de direcção na administração pública central e em estruturas centralizadas".
É que, vamos lá ver se a gente se entende, se nem todos os socialistas nomeados são incompetentes, todos os sociais democratas que fazem fila à espera do tacho são competentes.
"Esse é um acto a que deve estar obrigado, a bem do país, substituindo-os não por militantes do PSD mas por homens e mulheres com provas dadas e que permitam outro rigor na gestão dos organismos públicos", frisou Virgílio Macedo, defendendo uma "verdadeira meritocracia" por parte do executivo.
É claro que a questão do mérito é facilmente mensurável. Basta ter cartão de militante do PSD. É claro que não ter coluna vertebral nem tomates é um factor de desempate. Não será decisivo porque, afinal, quase todos estão nessa situação.
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