Conheci o ex-ministro das Finanças de Portugal, Fernando Teixeira dos Santos, em 1999 quando ele era Secretário de Estado do Tesouro e Finanças do XIII Governo Constitucional.
Foi, aliás, numa altura em que (ainda) era possível ser jornalista. Ainda não tinha chegado, com toda a sua pujança, a era dos donos dos jornalistas e dos donos dos donos.
Fiquei, e mantenho, com a ideia de que – citando palavras suas - era um "simples cidadão" que, como muitos portugueses, "quando tem que trabalhar mais, trabalha".
Creio que enquanto ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, errou muitas vezes. E isso aconteceu-lhe, ao contrário de outros, porque só erra quem faz, quem trabalha. Acredito, aliás, que como ele diz, pode enganar-se, mas não engana.
No dia 4 de Fevereiro de 2010, Teixeira dos Santos disse que as propostas da Oposição para as Finanças Regionais terão graves "implicações nas contas públicas" e retiram a "credibilidade externa" do país.
Quem disse que terão graves "implicações nas contas públicas" foi Teixeira dos Santos, o político. Já quem afirmou que retiram a "credibilidade externa" do país foi Teixeira dos Santos o simples cidadão que se licenciou em Economia na Universidade do Porto.
O então ministro referiu que a última versão das alterações propostas à Lei das Finanças Regionais implicava um aumento da despesa pública em transferências para as regiões, especialmente para a Madeira, de quase 50 milhões de euros em 2010, um valor que aumentaria anualmente até chegar aos 86 milhões de euros em 2013. Ou seja, esdas alterações permitiriam o aumento do endividamento regional em 100 milhões de euros já em 2010.
Teixeira dos Santos lembrou ainda as diferenças nas taxas de IVA aplicadas em Portugal continental (20%) e na Madeira (14%), dizendo que com essa lei Alberto João Jardim "pretendia obter do Estado uma receita como se na Madeira se pagasse IVA à taxa de 20%".
"Isso não é justo porque implicaria que fossem os restantes portugueses a pagar a diferença e o custo dessa baixa de impostos na região", concluiu Teixeira dos Santos mostrando que, como simples cidadão, não gosta que no seu país existam portugueses de primeira e de segunda (ou até talvez de terceira).
Certo, bem certo, é que Alberto João Jardim não olha a meios para atingir os seus fins. E tem-no feito com total êxito que tanto agrada aos madeirenses como a todos aqueles que, por ganharem um pouco mais do que o salário mínimo..., vão passar férias ao jardim (privado) do Jardim.
E a verdade é que ninguém lhe pega. O homem diz o que entende, quando entende, insulta meio mundo – sobretudo os cubanos do continente – e continua impávido e sereno a gozar com a chipala dos portugueses.
Teixeira dos Santos bem quis acabar, ou pelo menos diminuir, o regabofe madeirense. Mas não chegou lá. E não chegou porque, para além de o PSD ser o que Alberto João quer, também o PS tinha, como tem hoje, responsabilidade no actual (mau) estado das coisas.
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