O recado foi-me transmitido por um amigo da UNITA, verdadeiro amigo porque diz o que pensa, no dia 18 de Junho de… 2007. Vale a pena voltar ao assunto.
Em síntese o recado dizia: “Vê se deixas de defender o Abel Chivukuvuku e de atacar o Adalberto da Costa Júnior”. Citando o Mais Velho, se a UNITA não se define – sente-se, sou livre de dizer o que penso.
Mesmo assim, apesar do recado, penso desde há muito que o Galo Negro cantaria mais alto, eventualmente bem mais alto do que o MPLA, se Abel Chivukuvuku fosse líder e consequentemente o candidato da UNITA às presidenciais que (até ver) estão anunciadas para este ano.
Chivukuvuku entende desde há muito, e bem, que a UNITA ainda não é a força com a necessária dinâmica de vitória para enfrentar o MPLA. Já o dizia e provava antes das eleições legislativas de 2008. Teve razão. Continua a ter razão.
A seriedade, honestidade e patriotismo de Isaías Samakuva não são suficientes para lutar contra uma máquina que está no poder em Angola desde 1975. Talvez Chivukuvuku também não conseguisse pôr a UNITA a lutar taco a taco com o MPLA. Tinha e continua a ter, na minha opinião, a vontade de partir a loiça sem temer levar com os estilhaços. É, embora tardio devido ao atávico complexo da UNITA, um princípio.
"Depois de ter avaliado o contexto que Angola vive - em que não está claramente visível que hoje somos uma alternativa ganhadora - e consultado vários colegas de direcção do partido e militantes, tomei a decisão consciente de candidatar-me com um único propósito: fazer da UNITA uma efectiva alternativa que possa ganhar as eleições em 2008 e instaurar em Angola um modelo positivo de governação”, afirmou em Janeiro de 2007 Chivukuvuku.
Também sei que era isso que Samakuva queria. Faltou-lhe, no entanto, engenho, arte e colaboração dos seus mais próximos quadros para dizer aos angolanos que o rei ia, como ainda vai, nu.
Em 2007 escrevi que a UNITA tinha de lutar por ser uma alternativa efectiva para 2008. Samakuva teve a árdua, e não menos importante, tarefa de pôr algumas divisões da casa em ordem. Talvez por isso, tenha sido demasiado (para o meu gosto) passivo, demasiado politicamente correcto.
Quando chegou a altura de a UNITA ter alguém na liderança que alie à seriedade, honestidade e patriotismo da Samakuva a capacidade de pôr o país a mexer, não temendo dizer as verdades que os angolanos querem ouvir, não temendo dizer quais são as soluções necessárias para que Angola deixe de ser apenas Luanda, o partido de Jonas Savimbi rendeu-se.
"Por norma eu não entro em coisas que não têm pernas para andar. E se as pessoas viram-me a anunciar que sou candidato é porque houve um tempo de maturação, houve um tempo de análise, houve um tempo de estudo, houve um tempo de consulta, houve um tempo de preparação", disse na altura Abel Chivukuvuku.
Abel Chivukuvku não concordava nem concorda que o MPLA seja um partido tão forte que lhe possa tirar o sono, pelo que considerava que a UNITA, sob a sua direcção, estaria em melhores condições de mobilizar a seu favor os 70% dos pobres que constituem a população angolana.
Não foi isso que aconteceu. Quem perdeu? Angola e a UNITA.
Chivukuvuku não conseguiu pôr os poucos que dentro da UNITA têm “milhões” a trabalhar pelos milhões que, também dentro da UNITA, têm pouco ou nada. Talvez este ano lá chegue, embora sem o apoio do partido do seu coração.
Angola merece o melhor e Chivukuvuku representa uma pedrada no charco. Está nas mãos dos angolanos. Seria bom que também os actuais filhos puros da UNITA dessem uma ajuda, já que muitos que só foram filhos puros enquanto Jonas Savimbi presidiu, são agora enteados, sem direito a voto.
Sem comentários:
Enviar um comentário