sábado, março 31, 2012

Constâncio está vivo e Paulo Portas mudo!

Não foi Paulo Portas que, na anterior legislatura, criticou o vencimento de 624 mil euros que o presidente da TAP tinha em 2009, "mais do dobro do que recebeu Barack Obama"? Não foi ele que falou do ordenado do presidente da Caixa Geral de Depósitos que ganhou "mais do dobro de Angela Merkel"?

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Vítor Constâncio, voltou hoje a deitar um bitaites. Já todos tinham saudades das doutas opiniões deste perito dos peritos.

Para começar, Constâncio disse hoje que é possível Portugal vir a precisar de um segundo programa de ajustamento económico, lembrando que tal cenário "tem de estar sempre em avaliação".

"Está tudo sempre debaixo de análise e dependente da evolução de situações concretas nos mercados financeiros", considerou Constâncio, em Copenhaga, no final de dois dias de trabalho dos ministros das Finanças da União Europeia e de outros intervenientes no sector financeiro europeu.

Apesar de o espectro da bancarrota ter chegado com armas e bagagens a Lisboa, os donos de Portugal continuam a cantar e a rir para os 40% de potenciais pobres/miseráveis e para os 1.200 mil desempregados, tal como continuam a achar um bom exemplo de moralidade interna e externa que os valores das remunerações pagas a alguns gestores públicos.

Não foi Paulo Portas que, na anterior legislatura, criticou o vencimento de 624 mil euros que o presidente da TAP tinha em 2009, "mais do dobro do que recebeu Barack Obama"? Não foi ele que falou do ordenado do presidente da Caixa Geral de Depósitos que ganhou "mais do dobro de Angela Merkel"?

Seja como for, este governo – tal como o anterior - prefere ser assassinado pelo elogio do que salvo pela crítica. Quando Simon Johnson escreveu no “The New York Times” que o próximo problema global dava pelo nome de Portugal, todos lhe chamaram ave de mau agoiro.

"O próximo no radar será Portugal. Este país escapou em grande medida às atenções, muito porque a espiral da Grécia desvaneceu. Mas ambos estão economicamente à beira da bancarrota, e ambos parecem muito mais perigosos do que Argentina parecia em 2001, quando entrou em incumprimento", dizia (e diz) a análise do economista, que é Professor no Massachusstts Institute of Technology.

Em bom ou mau português (para o caso tanto faz), dir-se-á que quem for o último a sair que feche a porta (se ainda existir porta) e apague a luz (se ainda não tiver sido cortada pela EDP). Nada mau.

"Os portugueses nem sequer estão a discutir cortes sérios. (…) Estão à espera e com a esperança de que possam crescer suficientemente para sair desta confusão, mas esse crescimento só pode chegar através de um espantoso crescimento económico a nível global", diz Simon Johnson que, certamente, se esqueceu de ouvir o contraditório de não menos insignes especialistas lusos, a começar em Vítor Constâncio, passando por Teixeira dos Santos e acabando em Vítor Gaspar.

Simon Johnson considera ainda que "nem os líderes políticos gregos, nem os portugueses, estão preparados para realizar os cortes necessários", que o Governo português "pode apenas aguardar por vários anos de alto desemprego e políticas duras", e ainda que os políticos portugueses podem apenas "esperar que a situação piore, e então exigir também um plano de apoio".

Não é propriamente um grande elogio aos políticos portugueses que têm responsabilidades governativas. Mas esses não estão muito preocupados. Desde logo porque, com ou sem bancarrota, terão sempre um lugar “mexiânico” numa qualquer EDP, Galp, CGD ou Banco Central Europeu.

1 comentário:

Costa Carvalho disse...

Constâncio Vitinho está vivinho e sem um cabelinho branco, graças aos produtos Alex que lhe comem as cãs e nos atiçam os cães na continuada maneira de ele saber levar a água ao seu moinho. O Portas, ou Cortas aos outros e não a mim, já vê patriotismo até na biqueira das botas engraxadas com o sebo da estupidez. A salvação da pátria está em não haver feriado no "5 de Outubro" e no "1º de Dezembro". E mais: para o Paulinho, os portugueses são tão livres, que até aceitam de bom ânimo o que lhes é proposto de forma coerciva. Se isto não é uma perversão sexual chamada sadomasoquismo, o que será? É de se propor que o Vitinho e o Paulinho sejam postos ainda em vida no panteão nacional. A sua fama é como a do "Constantino": já lhes vem de trás.
Costa Carvalho