O meu amigo e mestre do Jornalismo (do Jornalismo, disse eu) Hernâni Von Doellinger diz que o ministro Álvaro Santos Pereira está de partida e que “só está à espera de voo”. E acrescenta: “Veremos quantos e quais quererão aproveitar a boleia”.
E tem razão. Aliás, o governo luso deveria ficar apenas com três ministros: o primeiro: Miguel Relvas, o adjunto: Pedro Passos Coelho e o das Finanças: Vítor Gaspar.
Era mais do que suficiente. Os outros passariam a guichets públicos onde os “gestores de carreira” comandariam o processo de falência das empresas e dos cidadãos.
Mesmo que Miguel Relvas dê cobertura às teses de Pedro Passos Coelho de que a coordenação das verbas comunitárias ficaria a cargo do guichet de Álvaro Santos Pereira, é ponto assente que quem vai mandar na gamela é o ministro das Finanças.
A oposição fala de desagregação do governo, mas está errada. Não é possível desagregar o que nunca esteve agregado. Assim sendo, Álvaro Santos Pereira limita-se a fazer as malas que, em boa verdade, nunca chegou a desfazer. De há muito que ele percebeu que Miguel Relvas nunca o deixaria ser ministro, muito menos da economia.
Em que país pensou Álvaro Santos Pereira que estava quando, numa noite de pastéis de Belém, resolveu falar do pomposo Programa de Relançamento do Serviço Público de Emprego, dizendo que ele inclui oito eixos e um conjunto de medidas que visam fomentar a captação de ofertas de emprego, cooperar com parceiros para a colocação de desempregados, reestruturar a rede de Centros de Emprego e Centros de Formação Profissional, entre outras?
No Canadá talvez o suposto ministro da Economia consiga de facto "promover um acompanhamento mais próximo e mais regular do desempregado" e melhorar o desempenho do serviço público de emprego, "nomeadamente no que diz respeito à oferta e procura de emprego", incluindo alterações no funcionamento dos centros de emprego.
A ideia, até porque não era obviamente para cumprir, terá agrado a Miguel Relvas e mesmo aos que (ainda) têm emprego e que vão querer ficar desempregados para assim beneficiarem deste ovo de Colombo.
Então aquela outra ideia de os desempregados inscritos nos centros de emprego passarem a ter um gestor de carreira é merecedora uma condecoração. Não das de mais alta categoria porque não partiu da mona de Miguel Relvas. Só por isso.
Mal sabia Álvaro Santos Pereira que a reestruturação da rede de centros de emprego, entre outras das suas peregrinas ideias, o iriam transformar – enquanto não bate com a porta – num mero gestor da carreira dos donos do país.
No caso de continuar a acreditar no Pai Natal, Álvaro Santos Pereira terá sempre à sua disposição o argumento de que não vão faltar clientes ao seu guichet. Se, apesar de tudo, entender que o número de desempregados é pequeno, pode sempre pedir ajuda aos empresários amigos de Miguel Relvas que, sem cobrar nada, não terão dificuldade em tirar da gaveta mais uma série de despedimentos colectivos.
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