O Governo português não está satisfeito com os 20% de pobres (acha que seria aconselhável chegar, pelo menos, aos 30%), nem com os outros 20% de miseráveis (quer que sejam muito menos por baixa nos efectivos – ou seja, por terem morrido).
O ministro das Finanças de Portugal considerou hoje uma "falsa questão" as eventuais divisões no Governo quanto à "reprogramação estratégica" dos fundos do Quadro Comunitário de Referência Estratégico Nacional.
Vítor Gaspar tem razão. As clivagens só poderiam acontecer se de facto, que não formalmente, existisse um ministro da Economia.
Seja como for, no Governo actual só existem Pedro Miguel Passos Relvas Coelho e Vítor Gaspar. O resto é paisagem, uma mais protegida do que outra, não em função dos pastéis de Belém mas das jogadas partidárias.
Mas estarão os portugueses preocupados? Os mesmos de sempre estarão, com certeza. Não pelas supostas clivagens, mas pelo facto de já nem cotão terem nos bolsos.
E esses são sobretudo os mais de um milhão de desempregados (montante que o Governo quer ajudar… a crescer), os 20 por cento de pobres (que o Governo acha que seria aconselhável chegar, pelo menos, aos 30 por cento) e os outros 20 por cento de miseráveis (que o Governo quer que sejam muito menos por baixa nos efectivos – ou seja, por terem morrido).
Segundo os economistas David Haugh e Álvaro Pina, que são responsáveis pela análise da economia portuguesa na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), "o ano mais difícil para Portugal será 2012, porque será um ano de um grande esforço em termos de consolidação orçamental, também porque será um ano em que os desequilíbrios no sector privado começarão a ser resolvidos, em termos de desalavancagem do sector privado por exemplo".
Também creio que, como disse o suposto ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, 2012 será o princípio do fim. Não da crise, mas do país. Tudo, é claro, a bem da nação esclavagista que este governo tem como meta suprema.
Nas previsões da OCDE, a economia portuguesa recuará pelo menos 3,2% em 2012 e a taxa de desemprego chegará (também pelo menos) aos 13,8%.
Não creio, contudo, que a taxa de desemprego seja assim tão preocupante. Desde logo porque há cada vez mais portugueses que, com engenho e arte, estão a montar os seus próprios negócios. São disso exemplos os assaltos às caixas multibanco ou às ourivesarias. Em breve serão também os hipermercados pois, reconheça-se, nenhuma tarefa pode ser bem desempenhada com a barriga vazia.
Razão tinha Passos Coelho – antes de apanhar o cheque em branco que os portugueses lhe deram – quando dizia: “Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos. Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado”.
Razão tinha Passos Coelho – antes de se descobrir que é um aldrabão – quando dizia que “para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa”.
Razão tinha Passos Coelho – antes de assumir a liderança de um governo esclavagista – quando dizia: “Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas. Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português”.
Razão tinha Passos Coelho – antes de ter comprado o reino – quando dizia: “A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento. A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos”.
Tal como tinha razão quando perguntava: “Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?”
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