O ministro das Finanças do governo de Pedro Miguel Passos Relvas Coelho, de seu nome Vítor Gaspar, ficou ofendido por uma "afirmação insultuosa" de um deputado do PCP, que sugeriu que o zelo do governo no cumprimento do programa com a 'troika' é antipatriótico.
E tem toda a razão. Pôr a grande maioria dos portugueses a aprender a viver sem comer é, bem vistas as coisas, um acto patriótico e digno até de uma condecoração do mais alto nível.
Durante uma audiência da comissão parlamentar para o acompanhamento das medidas do programa de assistência financeira a Portugal, o deputado comunista Miguel Tiago criticou a insistência do Governo em cumprir as, já agora, colossais metas da 'troika'… "custe o que custar".
"Este governo vai-se sempre mostrando bastante prestável [perante a 'troika'], mesmo que isso signifique o definhar da economia", disse o deputado do PCP.
"O deputado Manuel Tiago fez uma afirmação insultuosa sobre sacrificar os interesses do país para servir interesses estrangeiros", respondeu Vítor Gaspar, acrescentando do alto da sua cátedra de perito dos peritos que "essa afirmação só pode atribuída aos excessos retóricos que por vezes os debates parlamentares propiciam."
Sem alterar o tom de voz habitual, ou seja aquele que lixa os portugueses com a candura de um santo, o ministro das Finanças declarou que "o programa de ajustamento é de Portugal", sendo interrompido por um aparte de Miguel Tiago: "Quem está a fazer dinheiro [com o programa] não é Portugal."
"Não é hábito dos portugueses atribuírem problemas a outros, não é hábito dos portugueses rejeitar compromissos, não é hábito dos portugueses pedir a outros que paguem as suas dívidas, não é hábito dos portugueses aceitar que sejam outros a resolver os seus problemas por eles", prosseguiu o ministro.
Esqueceu-se, a bem da nação, de que o seu primeiro-ministro afirmou – em campanha – que “ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos. Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado”.
"Este programa é de Portugal, e gerimo-lo no nosso melhor interesse para resolver os problemas de Portugal", concluiu Vítor Gaspar, o que me permite fazer uma pergunta adaptada de mais uma das teses de Passos Coelho: “Como é possível manter um governo em que o ministro das Finanças mente?”
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