O (des)Acordo Ortográfico foi assinado em Lisboa, em 1990, começou a ser aplicado em 2009 e tem um período de adaptação até 2015, durante o qual são aceites as duas grafias.
Dizem os especialistas que os objectivos deste acordo são reforçar o papel da língua portuguesa como idioma de comunicação internacional e garantir uma maior uniformização ortográfica entre os oito estados que fazem parte da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Assim, como idioma de comunicação internacional e para que o mundo nos entenda, devemos nós os fumantes (ou fumadores?) continuar de facto (ou de fato?) de barriga cheia de filé (ou bife?), conscientes de que as enquetes (ou sondagens?) serão favoráveis aos adeptos (ou à torcida?) que usam celular (ou telemóvel?) escrever como?
Além disso, pelo sim e pelo não, vamos guardar no freezer (ou no frigorífico?) uma fotocópia (ou xerox?) do acordo ortográfico, enquanto brindamos com um fino (ou com um choupe?).
Para o secretário executivo da CPLP, Domingos Simões Pereira, a implementação do Acordo Ortográfico constitui uma das prioridades da organização.
Quem diria? Aliás, o Acordo Ortográfico é vital para resolver a situação político-militar na Guiné-Bissau onde muitos dos seus mais visíveis protagonistas não falam qualquer espécie de português, apostando antes no kalashnikovês.
Assim como é vital para, em vários países da CPLP, evitar que as crianças sejam geradas com fome, nasçam com fome e morram pouco depois com fome.
"O português é o ponto de partida, é aquilo que permitiu que as culturas (dos oito países da organização) tivessem todo um conjunto de elementos em comum”, acrescenta Domingos Simões Pereira, frisando que o apoio dos que estão contra o processo é essencial, uma vez que muitos deles, por serem profissionais da língua, “sabem como fazer as coisas”.
E quando um responsável da CPLP diz que o Acordo Ortográfico é uma prioridade e se sabe que a Guiné-Bissau regista a terceira taxa mais elevada de mortalidade infantil no mundo, fica a ideia de que afinal a CPLP se está nas tintas para os guineenses.
Sempre que alguém tem coragem de falar verdade (nunca é o caso de Portugal ou da CPLP), fica a saber-se que para além de envergonharem as autoridades guineenses – mostram a hipocrisia que reina nos areópagos das principais capitais da CPLP, a começar por Lisboa.
Será que com o Acordo Ortográfico a esperança de vida à nascença dos guineense, que agora é de "apenas" de 45 anos, vai passar para os 45,5?
Será que com o Acordo Ortográfico a CPLP deixará de aceitar calma e serenamente, como até agora, que apesar da miséria, os líderes guineenses continuem a saborear várias refeições por dia, esquecendo que na mesma rua há gente a morrer à fome?
Será que com o Acordo Ortográfico, Portugal, tal como outros, continuará a mandar toneladas de peixe para a Guiné-Bissau, esquecendo que o que os guineenses precisam é tão só de quem os ensine a pescar?
Será que com o Acordo Ortográfico, a CPLP vai continuar a mandar montes de antibióticos para a Guiné-Bissau, esquecendo, sobretudo porque tem a barriga cheia, que esses medicamentos só devem ser tomados depois de uma coisa essencial que os guineenses não têm: refeições?
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