Especialistas em saúde pública associam o excesso de mortalidade à crise económica. Alguém acredita? Desde logo porque, em Portugal, não há crise…
É certo que quatro em cada dez portugueses admitem fazer cortes no orçamento familiar para poderem comprar medicamentos. Nada mais salutar. Ou comem ou tomam medicamentos. As duas coisas juntas é que não pode ser.
Além disso, sabe-se que dormir às escuras pode ajudar a controlar a diabetes e que viver sem comer ajuda a diminuir o excesso de peso e as doenças correlativas.
O barómetro "Os portugueses e a saúde" nunca foi, nem será, lido pelos ministros deste governo (por óbvia, entenda-se, falta de tempo), muito embora 1,2 milhões de portugueses afirmarem que deixam na farmácia alguns dos medicamentos necessários, sendo a população idosa, não activa, com níveis de instrução mais baixos a mais atingida com tal medida.
E tudo se deve, lamentavelmente, ao facto de os portugueses ainda não terem percebido os nobres, altruístas e beneméritos intentos do Governo quando sugere (impõe, vá lá) que os cidadãos vivem sem comer e morram sem ficar doentes.
Nesta altura, se calhar os portugueses estão tentados a dizer que estão entregues à bicharada. Mas não é assim. Desde logo porque a bicharada não gosta de se alimentar de corpos esqueléticos, famintos e em estado terminal.
Acresce que, mais uma vez bem, o Governo continua a dar sobejos exemplos de que também está a apertar o cinto. Convém não esquecer, por exemplo, que os membros da equipa de Pedro Miguel Passos Relvas Coelho também faz greve de fome para ajudar a pôr o país em e na ordem. É claro que só o fazem entre as refeições, mas já é alguma coisa…
Recordam-se de a então ministra da Saúde de Portugal, Ana Jorge, ter apelado às famílias portuguesas para fazerem “sopa em casa” em vez de gastarem em “fast food”, aproveitando a necessidade de contenção económica e como forma de combater a obesidade?
“É bom que as pessoas deste país tenham a noção que a obesidade implica um tratamento sério e alteração de comportamentos, desde que se nasce, ou melhor, até durante a gravidez”, realçou a então ministra, acrescentando que “é necessário modificar os comportamentos alimentares e de sedentarismo que as pessoas estão a ter” em Portugal.
Melhor do que comer sopa é, e um dia destes ainda vamos ver o actual primeiro-ministro a falar disso, fazer o mesmo que o indiano Prahlad Jani que – diz ele e até tem testemunhas ditas credíveis - não come nem bebe há mais de 70 anos.
Até agora, sobretudo porque os portugueses são uns desmancha-prazeres, os resultados em Portugal não são animadores. Todos os que tentaram seguir, por correspondência, o método de Prahlad Jani estiveram muito perto mas, quando estavam quase lá... morreram.
Um estudo levado a cabo por investigadores da Universidade de Granada (Espanha) permitiu concluir que dormir completamente às escuras pode ajudar a controlar melhor a diabetes mellitus, uma doença metabólica crónica provocada pela insuficiente produção de insulina pelo corpo.
Se a esse facto se juntar o aumento do IVA na energia eléctrica (de 6% para 23%), o melhor mesmo é viver às escuras, sem electrodomésticos e exercitando o corpo na lavagem da roupa à mão e bebendo líquidos à temperatura ambiente.
Essa quantidade insuficiente de insulina provoca excesso de glucose no sangue, pelo que os doentes têm que controlar ao longo de toda a sua vida os níveis, injectando insulina, seguindo uma dieta alimentar saudável e praticando exercício físico.
Recentemente, a equipa de investigadores da Universidade de Granada demonstrou que a melatonina, uma hormona segregada de forma natural pelo corpo humano, ajuda a controlar a diabetes, já que aumenta a secreção da insulina, reduz a hiperglicemia e a hemoglobina glicada e diminui os ácidos gordos livres, adiantou o jornal espanhol ABC.
A escuridão da noite favorece a secreção desta hormona, razão pela qual os investigadores acreditam que dormir completamente às escuras, ou até mesmo viver totalmente às escuras, pode ajudar a controlar a diabetes associada à obesidade e os factores de risco associados.
Os mesmos efeitos foram verificados com a ingestão de alimentos que contém melatonina, como o leite, os cereais e as azeitonas, ou algumas plantas, como a mostarda, a curcuma, o cardamomo, a erva-doce e o coentro.
Aqui a coisa já não tem tanta piada. É que o leite, os cereais etc. são, cada vez mais, bens de luxo. E a situação do país não se compadece com esses gastos. Pão e laranja ou farelo é quanto basta. E mesmo assim…
Entretanto, baseado no exemplo de Prahlad Jani, Passos Coelho (certamente com a colaboração institucional de Cavaco Silva, Paulo Portas e António José Seguro) pretende - e vai conseguir - ensinar os portugueses a, pelo menos, viver sem comer.
E, convenhamos, se for possível garantir à dona da Europa, Angela Dorothea Merkel, que os portugueses conseguem estar uns anos sem comer, Portugal não tardará muito a ter o défice em ordem e a beneficiar do pleno emprego.
Além disso, serão o FMI e a senhora Angela Dorothea Merkel a pedir a ajuda do novo “líder carismático” do reino lusitano…
Já em 2006 o Discovery Channel fez um documentário sobre Prahlad Jani que, na altura, concordou em ser filmado durante dez dias e também foi analisado por médicos e cientistas, que não chegaram a uma conclusão nem presenciaram nenhuma impostura.
Data, aliás, dessa altura a tese, então defendida também por José Sócrates, de que a solução de Portugal passava por pôr os escravos a viver sem comer. Como não encontrou voluntários, obrigou-os pela força da miséria e do desemprego a enveredarem por esse caminho.
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