Enquanto Portugal têm gestores que ganham modestamente, casos de António Mexia na EDP e Faria de Oliveira na CGD, 1,9 milhões de pessoas vivem abaixo do limiar da pobreza.
Segundo disse hoje o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), "às vezes parece que não é suficientemente forte a vontade de combater a pobreza, até para se cultivar a clientela".
"Os números da pobreza em Portugal são preocupantes", porque "cerca de 20%" da população vive ou está em risco de viver em pobreza", ou seja, com "menos de 260 euros mensais", lembrou o padre Lino Maia.
Embora consciente de que os problemas dos escravos portugueses não constam das preocupações dos donos do país, Lino Maia lá vai lembrando que os idoso e as famílias numerosas são "os grupos de risco mais propícios a caírem na pobreza", por razões como o "desemprego, salários de miséria e pensões ainda mais miseráveis".
Desemprego? Salários de miséria? Pensões ainda mais miseráveis? Não, não pode ser. Nunca o primeiro-ministro do reino, o tal que dizia que “ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam”, permitiria tal coisa. Ou não será?
"De entre os 27 países da União Europeia, Portugal é um dos nove mais pobres, existindo cerca de 1,9 milhões de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza, na sua maioria no Norte", recordou Lino Maia, perguntando: "Haverá vontade de fazer diminuir consideravelmente a pobreza?"
O salário mínimo nacional dos portugueses de segunda (todos aqueles que não pertencem ao mundo putrefacto da política e actividades correlativas) teve um acréscimo de apenas 88 euros desde 1974, enquanto que as pensões mínimas de velhice e invalidez aumentaram apenas 38 euros nos últimos 36 anos. Ou seja, até 2010.
E depois venham dizer que o direito à indignação só passa por manifestações pacíficas, do tipo: quanto mais me bates mais gosto de ti. E depois venham dizer que houve uma revolução em Portugal.
A propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, a Pordata divulgou em 2011 alguns dados estatísticos relativamente à situação económica e social do reino lusitano cada vez mais próximo de Marrocos.
Comparando a evolução do salário mínimo e das pensões mínimas de invalidez e velhice desde 1974 até 2010, e descontando o efeito da inflação, constata-se que hoje os beneficiários desses apoios sociais auferem apenas mais 88 euros e 38 euros respectivamente.
E com tão excelentes aumentos, e os dados – repita-se – são vão até 2010, é curial que o Governo actual entenda que pôr esses portugueses a pão e água, eventualmente a farelo, é uma legítima forma de os obrigar a contribuir para o esforço remuneratório da casta superior formada pelos políticos e toda a corja que os rodeia.
Nesse mesmo ano (2010), correspondia a 15 por cento da população portuguesa o número de pensionistas de invalidez e velhice da Segurança Social com pensões inferiores ao salário mínimo, o que significa que perto de um milhão e meio de pessoas estavam nessa situação.
Além disso, existia mais de meio milhão de pessoas a receber o Rendimento Social de Inserção, dos quais quase metade (47%) com menos de 25 anos.
A Pordata revela ainda que em 2009 (últimos dados disponíveis) Portugal era o quarto país da União Europeia com maiores desigualdades de rendimentos entre os mais ricos e os mais pobres, sendo que o rendimento dos mais ricos era 6 vezes superior ao dos mais pobres (a média europeia era de cinco).
Daí que, como muito bem dizem os donos do reino, continua a ser necessário pedir aos pobres dos países ricos para dar aos ricos dos países pobres. Continuam os milhões que têm pouco ou nada a trabalhar para encher o bandulho dos poucos que têm cada vez mais milhões.
Mesmo após as transferências sociais, quase uma em cada cinco pessoas (17,9%) era pobre, 37 por cento dos agregados constituídos por um adulto com uma ou mais crianças e 33 por cento dos agregados só com idosos também viviam em situação de pobreza.
Em apenas quatro anos (de 2005 a 2009), Portugal passou do 17º para o 9º país com a taxa de risco de pobreza mais alta da UE. Seja como for, esqueléticos fisicamente e apodrecidos mentalmente, os portugueses de segunda continuam a ser uma povo pacífico capaz, pelo menos até agora, da dar o cu e uns cêntimos (os euros já foram todos) por um prato de lentilhas.
Sem as transferências sociais, a taxa de risco de pobreza em Portugal seria cerca do dobro do que é actualmente, revela ainda a Pordata, esclarecendo que em Portugal é pobre quem vive com um rendimento mensal (por adulto) próximo dos 400 euros. Não seria aconselhável, para haver menos pobres, baixar esse valor para 200 euros?
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