quinta-feira, março 29, 2012

Não deixam o sipaio ser chefe do posto

O director do órgão oficial do regime angolano, também conhecido por Jornal de Angola,  José Ribeiro,  foi vetado para o cargo de Ministro da Comunicação Social.  Que injustiça!

José Ribeiro tem sido um dos sipaios mais activos e cumpridores da cartilha do regime. Além disso, honra seja feita, de quando em vez descobre pérolas dignas de um merecedor do Prémio Pulitzer. Estranho por isso que o não deixem ser, no mínimo, chefe de posto.

Recordam-se com certeza do brilhante trabalho de investigação de José Ribeiro que o levou a concluir, com rara perspicácia, que “Lisboa continua, infelizmente, a ser o centro das conspirações contra Angola”.

Para justificar os males da democracia portuguesa, José Ribeiro vira-se com as parcas armas e menos bagagens que o MPLA lhe faculta contra a imprensa portuguesa, acusando-a de (ainda) não se render aos dólares do seu patrão e, por isso, continuar “a propalar mentiras sobre a realidade angolana ou a injuriar e difamar os governantes angolanos”.

Governantes que, importa reconhece-lo, são impolutos e incólumes aos malefícios da corrupção que, dizem as más línguas, não consegue entrar no regime angolano.

José Ribeiro diz que “é um hábito que vem de longe e só se justifica pelo ódio ao MPLA, a organização política que derrotou o colonialismo e ajudou a derrubar o regime fascista português”.

Ficamos todos a saber que, embora só tenha ajudado a derrubar o regime fascista português, foi o MPLA “a organização política que derrubou o colonialismo”. Vamos lá todos reescrever a História e tirar dela todos os outros que, até agora, se pensava terem ajudado a derrubar o colonialismo. Só lá pode ficar o MPLA… pelo menos enquanto for ele a pagar ao José Ribeiro.

Escudado pela Sonangol ou por Isabel dos Santos, José Ribeiro diz que “chegou a hora de dizer basta porque, apesar de os racistas terem o direito a serem tratados como doentes, têm também de ser responsabilizados pelos seus actos, sobretudo se desempenham cargos de responsabilidade ou notoriedade pública”.

Nem mais. O MPLA (via Sonangol ou Isabel dos Santos, ou por ambos) vai comprar os principais órgãos de comunicação social de Portugal (além de outras coisas) e mandar internar todos os racistas que neles trabalham. Um dias destes ainda vamos ver o José Ribeiro como director do Expresso, da SIC, da RTP, do Sol ou do Jornal de Notícias.

Visando já a cadeira de director em Portugal, excluída que parece estar a de ministro, José Ribeiro escrevia em Maio de 2008  que “de tudo isto só nos ocorre dizer que é uma pena que, trinta e muitos anos depois do 25 de Abril, venha alguém como o senhor Henrique Monteiro levar o prestigiado semanário “Expresso” para os níveis que nos habituou “O Diabo”, de triste memória”.

“Só agora se compreende que os amigos do distribuidor (Jonas Savimbi) do dinheiro dos diamantes de sangue ainda continuam a chorar a morte de um dos maiores criminosos dos tempos modernos, só comparável a Hitler em maldade e brutalidade”, dizia o sipaio do MPLA, também sem grande originalidade, num visível esforço de reconciliação nacional.

“O Governo de Angola é constituído por gente tão honrada e tão séria como os governos de Portugal ou da Irlanda. O Presidente de Angola é tão honrado e tão sério como os presidentes de Portugal, da Irlanda ou de qualquer outro país da União Europeia. E os nossos dirigentes políticos merecem o mesmo respeito e a mesma consideração que os políticos de Portugal ou da Irlanda”, opinava José Ribeiro, reproduzindo a mukanda que o MPLA lhe mandou debitar no pasquim que dirige.

E, de facto, dizer que José Eduardo dos Santos é tão honrado e sério como Cavaco Silva é como dizer que Kim Jong-Il era tão democrata como Mário Soares. Na comparação do Governo angolano com o seu congénere português, aí creio que não anda longe da verdade.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ministério da Propaganda


O Rio Beiro foi chumbado

para ministro da propaganda

do Reigime de Luanda?

Então e o o Marraças engraxador,

que deixa os sapatos do seu senhor

a brilhar

como a estrela do sistema solar,

também não é qualificado

para dar conta do recado?

E o Álvaro Artur Domingos Queirós,

que só sabe dar voz

aos controladores da situação,

não é capaz de exercer essa função?

Pelos vistos o dono dos milícias

vai decidir-se por um dos polícias

que dão pancada até mais não

em quem discordar da sua opinião.

António Kaquarta
http://miradourodoplanalto.blogspot.com