Pois claro. A União Africana e a Argélia condenaram hoje o golpe de Estado no Mali, que matou pelo menos 50 membros da guarda presidencial.
Militares do Mali tomaram o poder em Bamako, após várias horas de combates com a guarda presidencial. Na origem do golpe de Estado estará o descontentamento dos militares com a falta de meios para combater os rebeldes tuaregues no Norte do país.
Um responsável militar criticou ainda a reacção francesa ao golpe de Estado, após o ministro dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé, ter defendido a realização de eleições "o mais rapidamente possível".
"Nestes casos, não se exige a realização de eleições em breve. A primeira coisa a exigir é o restabelecimento do Estado de Direito, da ordem constitucional", afirmou.
Mas o governo francês não foi o único a pedir eleições. Também o secretário-geral da Francofonia, Abdou Diouf, condenou o golpe de Estado e pediu a realização de eleições livres "num prazo aceitável".
"O secretário-geral apela a um diálogo político imediato, reunindo todos os actores políticos malianos, para cessar os combates em todo o território e restabelecer a paz, definir as condições de um regresso à ordem constitucional e preparar, num prazo aceitável, eleições livres, fiáveis, transparentes e inclusivas", indica um comunicado da Organização Internacional da Francofonia (OIF).
Entretanto, num comunicado emitido pela sua sede em Adis Abeba, a União Africana condenou "qualquer intenção de tomar o poder pela força" e exigiu o respeito pela legitimidade constitucional.
O presidente da Comissão daquele organismo, Jean Ping, sublinhou "a necessidade de respeitar a legitimidade constitucional que representa as instituições republicanas, incluindo o Presidente da República e chefe de Estado, Amadou Toumani Touré".
O responsável da UA declarou-se ainda "muito preocupado pelos repreensíveis actos cometidos atualmente por alguns elementos do Exército maliano em Bamako", onde a União Africana realizou esta semana uma reunião sobre paz e segurança.
O governo da Argélia, que faz fronteira com o Mali, condenou também o golpe de Estado, rejeitou "firmemente" o recurso à força e exprimiu o seu "forte compromisso" com o restabelecimento da ordem constitucional.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros argelino, Amar Belani, adiantou que a Argélia "segue com grande preocupação" a situação no Mali. "Consideramos que todas as questões internas do Mali devem encontrar solução no funcionamento normal das instituições legítimas do país e dentro do respeito das normas constitucionais", afirmou.
Só por mera curiosidade, apenas isso, registe-se que o comércio internacional de armas aumentou 24% nos últimos cinco anos e que os maiores exportadores mundiais são os EUA, a Rússia, a Alemanha, a França e Grã-Bretanha.
E, já agora, também por mera curiosidade, registe-se que o Mali, tal como a Guiné-Bissau, a Nigéria e o Níger lideram a lista dos países com a taxa mais elevada de mortalidade infantil no mundo.
Com 168,7 mortes por cada mil nascimentos, a Nigéria ocupa o primeiro lugar da lista, seguido do Níger e do Mali, ambos com uma média de 161 mortes.
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