O Governo do protectorado alemão a norte de Marrocos vai propor à Comissão Europeia um conjunto de medidas, no âmbito do combate ao desemprego jovem, que poderão beneficiar entre 77 mil e 165 mil jovens.
Convictos da bondade do executivo de Pedro Miguel Passos Relvas Coelho, e de acordo com os registos do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), o número de licenciados desempregados que anulou a inscrição nos centros de emprego para emigrar subiu 49,5% entre 2009 e 2011.
O Governo português propõe a Bruxelas "a combinação de diferentes recursos financeiros com o intuito de proporcionar um volume global de financiamento que se estima poder atingir os mil milhões de euros" para a execução do plano intitulado "Impulso Jovem".
Este "esforço financeiro" poderá passar, segundo propõem os gestores do protectorado, pela realocação de fundos comunitários já existentes, pelo reforço destas verbas e também pelo investimento privado.
De acordo com os dados do IEFP, a maioria dos desempregados que optam por emigrar têm entre 35 e 54 anos (55,2%) e possuem habilitações escolares ao nível do ensino secundário (24,3%).
Entre os grupos de profissões com mais trabalhadores a emigrar, estão os operários, artífices e trabalhadores similares (20,4% do total), pessoal dos serviços de protecção e segurança (12,3%) e os trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio (10,5%).
O plano do Governo prevê vários cenários sendo que o primeiro, menos ambicioso, passa pela reprogramação de fundos comunitário e que a ser aceite permitiria alocar 351,7 milhões de euros ao "Impulso Jovem". Neste cenário, seriam beneficiados 77 mil jovens.
No segundo cenário, mais ambicioso, o Governo propõe a Bruxelas um reforço das verbas comunitárias, o que, a ser aceite, permitiria a Portugal alocar para este programa mais de 651 milhões de euros e, assim, beneficiar quase 165 mil jovens.
A este propósito, recordo-me que o secretário-geral do PSD, Matos Rosa, considerou no dia 29 de Agosto de 2011 que o trabalho que os portugueses tinha pela frente para superar a crise era um "trabalho colossal", acreditando que o país vai "conseguir" superar esta dificuldade.
E se ao "trabalho colossal" para superar a crise juntarem o "trabalho colossal" para aturar os políticos, tanto os que estão no poder como os que já lá estiveram, para além dos que lá querem estar, bem podem ser considerados um nobre povo numa eventual nação que já foi valente.
"Os desafios que nos colocam não têm precedentes na democracia portuguesa. Sim, o trabalho que temos pela frente é um trabalho colossal, sim, absolutamente colossal", afirmou Matos Rosa em Castelo de Vide, Portalegre, durante a sessão de abertura da Universidade de Verão do PSD.
E se é um "trabalho colossal" para muitos, o que dirão os mais de um milhão de desempregados, os 20% que já vivem sem comer e os outros 20% que vivem (isto é como quem diz) com o espectro da fome a bater à porta?
Na mesma sessão, o 'reitor' e director da Universidade de Verão, Carlos Coelho, sublinhou que os 100 'alunos' que compunham aquela iniciativa do PSD eram uma "verdadeira selecção nacional", sublinhando ainda que os escolhidos "são os melhores".
Pois. Eram e, claro, são os melhores, os mais capazes para um partido, para um sistema, em que os "jobs" são para os "boys", em que os génios são menos importantes do que os néscios desde que estes tenham cartão do partido.
E nessa selecção nacional não estão os licenciados que para sobreviver estão a guiar táxis, a fazer embrulhos em lojas de roupa ou a servir às mesas nos cafés do país.
Mais uma vez, com ou sem "Impulso Jovem", o Governo simula que quer alterar o (mau) estado das coisas mas de facto é mais a parra do que a uva. Mais o acessório do que o essencial. Mais o oportunismo do que o realismo. Mais a embalagem do que o produto.
Seguindo “ipsis vervis” a metodologia que tanto criticou no PS, o PSD está a estacionar, com algumas raras excepções, as suas peças em sectores relevantes.
É claro (para mim - entenda-se) que este Governo (ao contrário dos leves e iniciais indícios e de alguns – embora poucos – competentes que o integram) está-se nas tintas para os portugueses que não têm coluna vertebral amovível, não havendo "Impulso Jovem" ou “Impulso Adulto” que safe os escravos.
Porquê? Porque, cada vez mais, os portugueses sabem que é sempre possível ter um cartão do partido no meio de tantos outros, mesmo que a validade seja curta.
Sabem que, sendo do partido, haverá sempre um lugar como assessor, como especialista ou como super qualquer coisa.
Tal como conheço pessoas de alto nível cultural que são motoristas de táxi, repositores de produtos em supermercado, fazedores de embrulhos em lojas e, é claro, desempregados, também conheço políticos e similares (ministros, deputados, autarcas, assessores, administradores de empresas públicas, institutos etc.) que deveriam ser motoristas de táxi, repositores de produtos em supermercado, fazedores de embrulhos em lojas e, é claro, desempregados.
A diferença entre eles não está na origem do “dr.” (quem diz doutor, diz engenheiro) mas nas ligações partidárias que, a par ou não da competência, são muito mais do que meio caminho andado para se ter um bom tacho.
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