quarta-feira, março 28, 2012

Marrocos não levantará problemas

Álvaro Santos Pereira, afirmou hoje  que a actual legislação que regula o mercado laboral é "um entrave à criação de emprego" e promove o desemprego.

Estamos, é bom de ver, a falar do ministro da Economia e do Emprego de Portugal. Aprovada que vai ser a legislação parida pelo Governo, o país vai acelerar na criação de emprego. Consta que, com facilidade, de 1.200 mil desempregados o país passará a breve trecho para 1.199 mil.

Álvaro diz que "as leis que regulam o mercado de trabalho são hoje um entrave à competitividade das nossas empresas e à criação de emprego," sendo que "a sua rigidez constitui hoje um autêntico encargo para trabalhadores e empregadores, um impedimento ao crescimento da nossa economia".

Os que sobreviverem poderão, quem sabe, comprovar ou não as teses deste Governo e deste mesmo ministro que, em 14 de Novembro de 2011, também afirmava que 2012  "irá marcar o fim da crise" e permitir a Portugal retomar o crescimento da economia.

E se já era assim com a actual legislação, com as modificações agora impostas a recuperação deve estar aí mesmo ao dobrar da esquina…

Os escravos, como qualquer bom súbdito, não sabem se a barriga vazia os manterá vivos até lá, nem se o fim da crise é para os milhões que têm pouco ou nada ou, pelo contrário, é apenas para os poucos que têm cada vez mais milhões. Mas isso pouco importa.

Segundo o ministro disse em Novembro, "2012 será um ano determinante para Portugal e para a economia portuguesa", pois "certamente irá marcar o fim da crise e será o ano da retoma para o crescimento de 2013 e 2014".

Álvaro Santos Pereira diz que é  "muito importante" que Portugal "perceba que os sacrifícios são absolutamente fundamentais para que o Estado possa pôr as suas contas em ordem". Não falava de legislação laboral como condição sine qua non, mas estaria certamente a pensar nela.

É verdade. O Estado e a corja que lhe é coincidente  ficam com as contas em ordem. Quanto aos escravos, os portugueses, esses ficam depenados e esqueléticos. Mas, afinal, não é mesmo para isso que existem escravos?

Por sua vez, Cavaco Silva tem afirmado, como se nada tivesse a ver com o assunto, que "há limites para os sacrifícios", indo mesmo ao ponto de dizer que o Orçamento do Estado para 2012 tinha "falta de equidade fiscal", referindo-se então à suspensão dos subsídios de férias e de Natal.

No caso de Cavaco Silva ainda se compreende. Ele chegou há pouco tempo à vida do país. Só foi primeiro-ministro  de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995, presidente da República eleito em 22 de Janeiro de 2006 e reeleito em 23 de Janeiro de 2011…

O ministro, não se fale de inaptidão porque se assim for ele será despedido à luz da nova lei, reafirmou aquilo que mantém os cemitérios cheios, ou seja, as (boas, diz ele) intenções do Governo em colocar no terreno políticas para aumentar a competitividade e baixar o défice externo.

Santos Pereira, certamente de acordo com a cartilha escrita por Miguel Relvas,  acredita que, depois de deitar borda fora o excesso de carga (os portugueses), o governo voltará a pôr a pôr a caravela portuguesa a flutuar.

Se acaso o conseguir, resta saber onde é que o barcaça vai emergir, decorrendo negociações para que Marrocos não levante problemas.

Valha ao menos o facto de, segundo o ministro da Economia, 2012 marcar o fim da crise. Manuel Pinho já tinha decretado o seu fim em 2007 e Teixeira dos Santos em 2009. Para muitos portugueses esse será também o fim. Isto porque se prevê que em 2012 muitos deles estejam já a saber viver sem comer.

Se calhar, no exacto momento em que vão conseguir atingir tal desiderato… morrem. Mas aí a culpa não será com certeza do Governo porque, ao que parece, lhes fornecerá todos os instrumentos para terem sucesso…

Sem comentários: