O líder a UNITA, Isaías Samakuva, afirmou sem meias palavras que um dos exemplos da corrupção em Angola são as transferências de avultadas somas para Portugal "para comprar até empresas falidas para branquear dinheiro roubado ao povo de Angola”.
Que a afirmação não iria causar qualquer mossa em Angola, desde logo porque o governo do MPLA e a corrupção são íntimos, todos calculavam. Assim aconteceu. O MPLA, que (des)governa o país desde 1975, nunca abdicaria deste forma de vida.
Já quanto a Portugal, mesmo sabendo que nesta matéria - como em muitas outras – os angolanos aprendem com os seus amigos portugueses, ainda haveria quem pensasse que surgiria uma qualquer reacção, mesmo sabendo que o país está atolado com as faces ocultas conhecidas e, é claro, com outras que são mesmo ocultas.
Mas não. Tal como Luanda, Lisboa menteve-se impávida e serena, cantando e rindo e bem de uma nação que, pelos vistos, ninguém sabe qual é.
Isaías Samakuva apontou mesmo a a existência de "pressões" sobre o primeiro-ministro português, José Sócrates, para "libertar milhões de dólares de dinheiro público (angolano em contas de bancos portugueses) para determinadas contas privadas de mandatários do regime angolano" de forma a poderem "comprar empresas falidas" e "branquear" capitais.
Grave? Com certeza que sim se, é claro, se falasse de um Estado de Direito. Como o Estado é torto, como muitas das suas faces são ocultas, tudo ficará em águas de bacalhau como é timbre num reino medíocre.
Se calhar, no caso português, o silêncio (para além de ser a alma das negociatas) é também uma forma de não hostilizar os seus principais credores, ou seja, a família Eduardo dos Santos e todo o séquito que cada vez está mais rico à custa, como óbvio, do povo que está cada vez mais pobre.
Segundo o relatório deste ano da Transparency Internacional sobre a corrupção, Angola que em 2008 ocupava a posição 158 está agora na 162. Portugal está longe, por enquanto. Passou da 32ª para a 35ª posição, estando agora ao prestigiado nível de Porto Rico e do Botswana.
Creio, aliás, que a ainda grande diferença posicional nesta matéria entre Portugal e Angola se deve apenas ao facto de os angolanos, apesar de tudo, darem a chipala ao manifesto. Ao contrário dos portugueses que apostam tudo em ocultar a face...
1 comentário:
A síndroma Dubai
Isto prova que não entendem nada, absolutamente nada de negócios, de economia, de finanças, etc. Apenas sabem roubar. E quando fazem, faziam, uns negócios ficavam imensamente felizes. Convencidos que burlaram os outros, quando na realidade eles foram os verdadeiros burlados. Com estes acontecimentos é tempo de mudar as fraldas ao sistema económico, acabar com os bancos e apear os idiotas dos governos que a coberto da democracia lá se enfiaram.
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