segunda-feira, novembro 16, 2009

“Face Oculta”? "Sicília hispânica"? “Mafia”?

Alberto João Jardim, dirigente do PSD e presidente do Governo da Madeira, diz não estar interessado em saber o que se passa na "Sicília hispânica" quando questionado sobre o caso "Face Oculta".

Um dias destes, numa crónica publicada no Notícias Lusófonas, o meu velho companheiro dos tempos em que existiam jornalistas, Jorge Monteiro Alves, dizia:


“Aqui há uns anos, numa conversa em Berlim com um jornalista italiano do “Corriere della Sera”, questionava-me por que razão a Mafia nunca tinha decidido expandir-se para Portugal, como faz para outros quadrantes. O meu interlocutor parecia não acreditar na legitimidade da minha dúvida e perguntou: “Então tu não sabes?”. Eu abanei a cabeça. “Não sabes mesmo?”. Voltei a fazer o mesmo. Ele esclareceu-me: “Mas que espaço é que a nossa Mafia ia ocupar se a vossa já tomou conta de tudo?...”.

"Eu estou preocupado e empenhado é com o povo madeirense e com a Madeira, o que se passa na Sicília hispânica é um problema daquela gente que eu não tenho nada com isso, nem quero saber daquilo para nada", declarou Alberto João Jardim.

A que propósito o Jorge Alves recordou este episódio? Simples. “A propósito da última atoarda do digníssimo e acima de toda a suspeita primeiro-ministro de Portugal, que se recusa a comentar o caso “Face Oculta” porque, segundo as palavras de José Sócrates, “não quero contribuir para uma sucessão de episódios que não têm dignidade nem contribui para elevar a nossa vida pública”.

O processo “Face Oculta”, recorde-se, investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas do sector empresarial do Estado e empresas privadas, havendo 15 arguidos, incluindo o presidente da REN - Redes Eléctricas Nacionais, José Penedos, e Armando Vara, que suspendeu as suas funções de vice-presidente do Millenium/BCP.

E depois, na altura em que já não exista quem feche a porta, venham dizer que a democracia corre perigo. Ou, por outras palavras, venham dizer que quando estavam quase, quase, a saber viver sem comer, os portugueses morreram...

2 comentários:

Anónimo disse...

Mas meu amigo Orlando, com a "mobilização" que este país leva, não tarda nada, acordamos e verificamos que a Democracia nunca cá existiu... mas como somos apenas uma meia dúzia que não nos torna-mos cúmplices pelo silêncio, desejamos até que o povo se mobilize em massa dê no que der, resta-nos esperar sentados, senão ainda somos nós os lunáticos!
Realmente cá os parasitas proliferam...têm um bom hospedeiro! não se coça que dá trabalho!

Anónimo disse...

Directamente do blog Illuminatus Lex:

Será que, ainda, é possível acreditar em democracia num país em que o primeiro ministro tenta aliciar um órgão de comunicação social, com dinheiro, e como contrapartida exigindo o seu silêncio num processo judicial, em que pode vir a ser parte?
Apesar de parecer uma atitude própria de um das nações emergentes da queda da antiga URSS, ou das nações africanas governadas por excêntricos ditadores, tal sucedeu em Portugal...o primeiro ministro é José Sócrates... o Jornal é o Sol, de António José Saraiva, que tornou pública a tentativa de arranjinho e a negociata era o gabinete do Primeiro Ministro mover influências junto de um banco da sua confiança para garantir um empréstimo que resolucionasse os problemas financeiros que o jornal atravessa...
Pobre país este que tem governantes desta estirpe, que agem quase como se possuíssem um lápis azul na mão...Triste país que se presta que as suas figuras de estado se comportem como aprendizes de ditadores, tendentes a silenciar uma das verdadeiras armas de denúnica que um povo pode ter: uma imprensa que esclarece e não omita a veracidade dos factos, por mais prejudiciais que possam ser...
Como é tradicional, Sócrates já negou? Mas quem, ainda, acredita nele depois de todos os processos menos claros em que se tem visto envolvido? Será que, ainda, há crentes que se escudam na Teoria da Conspiração?