A criação do Estatuto do Cidadão da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a promoção e difusão do português são as prioridades do programa do XVIII Governo Constitucional na Cooperação, hoje entregue no Parlamento, em Lisboa.
Este facto lembrou-me que já ouvira falar dessa tal CPLP. Foi então que procurei o respectivo site (www.cplp.org) que, aliás, vem indicado no portal do Governo português. Azar. O site está fora de serviço, em remodelação, em obras... ou lá o que lhe queiram chamar.
Voltemos, entretanto, ao documento do Governo português que será debatido quinta e sexta-feira pelos deputados. Nele afirma-se que o Executivo vai "promover a aplicação dos Acordos de Brasília - relativos à livre circulação de pessoas no espaço CPLP -, bem como a actualização de acordos para a concessão de vistos".
Mais uma vez, partindo do pressuposto não confirmado de que a CPLP existe, fica a saber-se que Portugal quer fazer o que já deveria ter feito há muitos anos. Só é pena que, pelo menos para mim, seja uma forma (mais uma) de tentar calar aqueles (meia dúzia, eu sei) que ainda acreditam na Lusofonia.
No domínio da internacionalização da língua portuguesa, tendo em vista a promoção e difusão do idioma, o programa do Governo privilegiará, entre outras iniciativas, o "apoio à expansão dos sistemas de ensino dos Estados-membros da CPLP onde o português funciona como língua veicular de alfabetização e do sistema de ensino em geral".
Lá voltam os portugueses a dizer que vão hoje fazer o que, de facto, deveria ser um desígnio nacional e lusófono há décadas. Seja como for, nesta matéria Portugal está como um maluco no meio da ponte. Não sabe para que lado ir. Quando decidir, vai descobrir que afinal nem ponte há.
Ainda no domínio da língua, o programa refere que privilegiará, em "estreita coordenação" com os restantes Estados-membros da CPLP, "a promoção do português como língua oficial ou de trabalho em organizações internacionais e, em particular, no sistema das Nações Unidas".
Não está mal. Se a língua for um veículo de trabalho já não será mau. Não se trabalha mas tem-se uma língua de trabalho. É obra!
A "reestruturação profunda do funcionamento e dos objectivos do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP)", em colaboração com a CPLP e "em estreita articulação" com os Estados-membros da organização lusófona, é outra das prioridades do Governo.
Tenho sido, e assim continuarei, dos que dizem que o IILP é, tal como a própria Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, um elefante branco anestesiado pelas sucessivas tentativas de o tornar ora cor de rosa, ora laranja, ora outra coisa qualquer.
Isso não significa uma crítica a Amélia Mingas, a sua directora executiva, a não ser no sentido de que deveria (exactamente porque nunca lhe deram meios) ter há muito dado um valente murro na mesa ou, talvez, até na chipala dos que se julgam donos da CPLP.
Esta CPLP, tal como este IILP, fazem-me lembrar aqueles restaurantes em que a ementa é longa, pormenorizada, recheada até dizer basta. Nada falta. Tem tudo. No entanto, 95% dos pratos estão sempre esgotados e o cliente acaba sempre por comer um bife com batatas fritas.
Esta CPLP, tal como este IILP, fazem-me lembrar aqueles restaurantes em que a ementa é longa, pormenorizada, recheada até dizer basta. Nada falta. Tem tudo. No entanto, 95% dos pratos estão sempre esgotados e o cliente acaba sempre por comer um bife com batatas fritas.
Sem comentários:
Enviar um comentário