O último trimestre de 2009 mantém-se bastante negro no sector da comunicação social, com anúncios de despedimentos na agência noticiosa AP e em órgãos do Reino Unido, de França e de Espanha.
Em Portugal as más notícias deverão ser reeditadas em Janeiro, provavelmente depois de um almoço de Natal em que os donos das empresas vão dizer que está tudo bem (onde é que eu já vi isto?).
A AP já confirmou que despediu 90 jornalistas no total das suas diversas delegações, de modo a cumprir o objectivo de reduzir as despesas anuais em 10% para fazer face à diminuição das receitas pagas pelos seus clientes (jornais e emissoras de rádio e TV).
A receita é sempre a mesma. Despedir os remadores e manter os passageiros. A canoa não sai do sítio, ou vai ao fundo, mas ao menos vai com as contas equilibradas.
Do Reino Unido chegam notícias de que a estação televisiva ITN vai proceder a 20 despedimentos, enquanto a revista semanal “Media Week”, pertencente ao Haymarket Group, anunciou que irá encerrar, causando a ida para o desemprego de 18 jornalistas.
Bem vistas as coisas, os portugueses queixam-se que Portugal vai sempre a reboque de outros países europeus. Como se vê, nesta como noutras matérias, até está a dar o exemplo.
O cenário é ainda mais negro em França, onde o “Le Parisien” decidiu, a 26 de Novembro, que no âmbito da sua reestruturação irá cortar uma centena de postos de trabalho – 25 no noticiário nacional e o restante nas edições locais –, devido a uma quebra de 7% nas vendas e de 20% nas receitas publicitárias.
Será que Nicolas Sarkozy, ou até mesmo Carla Bruni, não têm maneira de dar uma ajuda aos amigos joaquins lá do sítio? Francamente.
Em Espanha, os casos mais recentes de órgãos que procederam a despedimento de trabalhadores foram o “La Opinión de Granada” e o diário “Público” – que informou 17 funcionários de que os iria dispensar na véspera, alegadamente como forma de evitar um despedimento colectivo que seria mais gravoso para todos.
Devido aos cerca de três mil despedimentos ocorridos no sector nos últimos 12 meses, o número de jornalistas desempregados no país vizinho ascende já a 5.155, de acordo com o Instituto Nacional de Emprego (INEM) espanhol, tendo o Fórum de Organizações de Jornalistas (FOP) revelado um estudo segundo o qual a eventual aprovação da nova lei do audiovisual irá colocar em risco 10 mil postos de trabalho.
Depois não digam que o Jornalismo não é uma profissão em vias de extinção.
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