Se, por um lado, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional de Portugal, João Gomes Cravinho, inicia amanhã uma visita à Guiné-Bissau, por outro o presidente da Líbia e da União Africana, Muammar Khadafi, ofereceu ao país quatro viaturas todo-o-terreno, 500 peças de fardamento, 250 pares de botas militares, fotocopiadoras, computadores, e anunciou o envio de dois grupos geradores.
Que mais podem querer os guineenses?
Dois em cada três guineenses vivem na pobreza absoluta e uma em cada quatro crianças morre antes dos cinco anos de idade, diz o representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A Guiné-Bissau continua a ocupar uma posição de desenvolvimento muito precária no concerto das Nações, com uma evolução relativamente baixa da economia e um crescimento do Produto Interno Bruto fraco.
Além da pobreza absoluta que afecta dois em cada três guineenses, a fome ainda existe na Guiné-Bissau em consequência da conjuntura económica "débil", motivada por uma actividade agrícola de monocultura de caju, principal produto de exportação do país e/ou pelas cíclicas crises político-militares.
Esta situações, aliadas à instabilidade política e institucional, não têm ajudado ao processo de melhoria sustentada das condições de vida das populações guineenses.
A progressão (se é que tal se pode chamar) na educação, em que persiste a desigualdade entre os sexos, com primazia aos rapazes, a morte durante o trabalho de parto por falta de cuidados básicos e a propagação de doenças como o HIV/SIDA, a tuberculose e a malária são, infelizmente, emblemas do país.
O aprovisionamento de água potável é fraco, os níveis de saneamento básico e de habitação "decente" são dos piores do mundo.
A esperança de vida à nascença para um guineense é de "apenas" de 45 anos, atendendo à fragilidade humana, sobretudo por causa da fraca cobertura dos serviços sociais.
Apesar disso, tanto com a ajuda de Portugal como da Líbia, os líderes guineenses vão continuar a saborear várias refeições por dia, esquecendo que na mesma rua há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morreu com fome?
Tal como acontece em Angola, também em Bissau se pensa que é possível enganar toda a gente durante todo o tempo. Mas não é. E, mesmo que famintos, ainda sobra força aos guineenses para um dia destes voltarem a fazer o que já começa a ser um hábito: puxar o gatilho.
É claro que essa coisa de que quem não vive para servir não serve para viver não se aplica à Guiné-Bissau. Nem a Portugal, acrescente-se.
2 comentários:
Há povos mesmo desgaçados... isto no séc XXI até dói, mas sabe como é, aos Países ditos Democráticos, não convém interferir em África a bem dos Direitos Humanos... Só no "Eixo do Mal", como o Ocidente caracterizou alguns Países do Médio Orinte, tipo Iraque, o berço das civilizações...
África tem ouro, diamantes, petróleo, coltan, terras pra monocultura de biodésel e por aí fora. Dá muito jeito aos Ocidentais que protegem os ditaores cães de fila e a quem ainda por cima, vendem armamento!
ONU? Foram para o Congo certificar-se que a guerra continua, para que se faça o contrabando do coltan!
http://latinoamericana.org/2003/textos/portugues/Coltan.htm
Quanto a Khadafi... é grande amigo dos nossos governantes.
Pois é mesmo isso que eu acho, que um dia vai acontecer cá. Esses ladrões da panela da política e económica rotativa e não só, davam um bom trabalho a mais de duas dezenas de snipers experimentados, durante uns tempos!
Mas que seria uma limpeza e um alívio, nem ponha dúvida...
Nervosa...lá se vão umas letritas... é a crise, também! :))
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