quarta-feira, novembro 25, 2009

O amigo Cavaco não esquece os amigos

O Presidente da República de Portugal efectuou alterações na Casa Civil da Presidência da República, mas Fernando Lima, que tinha abandonado o núcleo da Comunicação Social, permanece num cargo de ainda maior relevância

É assim mesmo. Cavaco Silva demitiu Fernando Lima, jornalista e depois assessor, novamente jornalista (Director do Diário de Notícias) e de novo assessor, mas sabe das suas capacidades.


Na altura escrevi, e mantenho, que mais do que as questões, objectivas ou não, que envolveram a decisão do Presidente da República, a mim preocupa-me não só a promiscuidade do jornalismo com a política (sobram os exemplos de jornalistas-assessores e de assessores-jornalistas), mas também o enxovalhar da ética entre os próprios jornalistas.

Preocupação pouco relevante num contexto de todos a monte fé em Deus, onde ser enxovalhado pode significar meio caminho andado para ser director ou administrador. Portanto...

Fernando Lima foi afastado em meados de Setembro do cargo de responsável pela assessoria para a Comunicação Social da Presidência da República por decisão de Cavaco Silva, dias depois do Diário de Notícias, jornal do quel foi director, ter noticiado que tinha sido ele a fonte do diário Público nas notícias que sucederam à sua manchete de 18 de Agosto, já em pré-campanha eleitoral, segundo a qual Cavaco Silva suspeitava estar a ser espiado pelo Governo liderado por José Sócrates.

Fernando Lima viu agora confirmada a sua continuidade na Presidência da República e com um cargo ainda mais próximo de Cavaco Silva - o de assessor do chefe da Casa Civil, Nunes Liberato.

Quanto ao resto, em matéria de jornalistas, a ética tornou-se aquele regra fundamental que aparece a seguir à última... quando aparece. O DN não esteve com meias medidas e, de uma vez por todas, tentou (e só em parte o conseguiu) acertar contas antigas com Fernando Lima e mais recentes com o Público.

E assim, de acerto em acerto de contas (quase sempre pessoais) lá vai o jornalismo português cantando e rindo a bem, é claro, de uma qualquer nação que, na maioria dos casos, se confunde com servilismo político e económico.

Servilismo que, por regra, tem boas compensações monetárias. Registemos os factos e também os nomes. Daqui a uns tempos alguns destes supostos jornalistas vão estar a assessorar partidos e ou empresas para, tempos depois, assumirem cargos de direcção ou administração em órgãos de comunicação social.

Tem sido assim e, pelos vistos, assim tem de continuar a ser. O forrobodó no bordel continua a marcar pontos.

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